A Igreja de Senhor dos
Passos, antigamente chamada Igreja do Carmo Menor construída ao lado da
Igreja do Carmo Maior e do Convento dos Carmelitas que formam o
Complexo do Carmo na cidade de São Cristóvão onde se localizam as
imagens de Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores que movimentam
esta devoção trazida pelos Frades Carmelitas.
Detalhes dos seis altares laterais e do altar mor e seu teto e da fachada.
A Procissão de Passos
ocorre na quaresma e se define nesse tempo e espiritualidade, onde a
purificação e a penitência são aspectos centrais. Para um especialista
clérigo a quaresma é representativa para os cristãos e lembra os 40 anos
que os hebreus viveram no deserto, de sofrimento e purificação, para
entrar na terra prometida; mas também os 40 dias de Jesus no deserto,
vividos em jejum, penitência e oração, antes da vida pública e anúncio
da Boa Nova.
Para ele, a cor roxa, usada na liturgia, refere-se às mortalhas, com as
quais eram sepultados os mortos e, este sentido na quaresma significa
morrer para esse mundo efêmero e passageiro, sepultando o homem velho,
para renascer com Jesus para a vida nova.
A festa de Passos e a procissão, nas quais se revive a caminhada de
Jesus ao Calvário, é um exercício de penitência e conversão e, segundo o
religioso Carmelita[1]
Frei Sales:
Celebrar o “Senhor dos Passos” é acolher o convite do próprio Jesus que
no Evangelho convida a seguir os seus passos na estrada da Santa Cruz:
“Se alguém quer vir após mim, negue-se a se mesmo, tome a sua cruz todos
os dias e siga-me (Lc. 9,23).
O texto acima destaca claramente os significados da imagem do Cristo com
a cruz nos ombros, que representa o caminho do cristão em cujo segmento
está a ordem e a estrutura da vida individual e coletiva do romeiro.
Os ex-votos, em sua imensa maioria, tipificam esculturas de partes do
corpo e celebram a cura socialmente reconhecida como milagre; no
entanto, expressam também dores e sofrimentos. O ex-voto tem sua
finalidade e põe em ação os meios para atingir esses propósitos, sendo
um “símbolo instrumental”.
Todo sofrimento é experimentado a partir do sofrimento de Cristo e, de
tal experiência pode-se falar e testemunhar, de forma convincente, a
graça, o milagre, cujo sinal exterior é o ex-voto. Como afirma Frei
Sales, ao referir-se a essa devoção “por trás do Cristo crucificado,
podemos ver, com os olhos da fé, os contornos do Cristo ressuscitado e
descobrirmos sempre a lógica do amor que se esconde na aparente
fatalidade da cruz”.
Durante a festa de 2010 os romeiros pagam suas promessas a Senhor dos
Passos, seja em forma de sacrifício físico, orações ou através da oferta
de objetos.
[1] Os Frades Carmelitas do Brasil introduzem e difundem a devoção aos Passos da Paixão desde o século XVII.
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