Quantas vezes já ouvimos falar de céu,
inferno, juízo final, purgatório? Trata-se de realidades sérias, partes
essenciais da nossa fé católica, ligadas ao nosso destino mesmo. E, no
entanto, nossas ideias sobre elas são superficiais e infantis, na
maioria das vezes.
Um dos grandes teólogos do século XX,
Hans Urs von Balthasar, refletindo sobre as realidades finais, afirmava:
“Deus é o Fim (= Finalidade) último das criaturas: Ele é o céu para
quem O alcança, o inferno para quem O perde, o juízo para quem por Ele é
examinado, o purgatório para quem é por Ele purificado, e tudo isto no
modo em que Ele dirigiu-se ao mundo, isto é, no Seu Filho, Jesus Cristo,
que é a possibilidade de revelação de Deus e, portanto, a síntese das
coisas últimas”.
O que significa tal afirmação? Que as
realidades últimas somente podem ser compreendidas e afirmadas a partir
de Deus e Deus como Se revelou em Jesus Cristo, único Caminho para o
Mistério. Morte, juízo, inferno, paraíso, não são realidades neutras,
estranhas à nossa relação com o Senhor. Elas não podem ser
compreensíveis sem uma referência a Deus e ao Seu Cristo.
O que é o céu? Para além de qualquer
descrição (que seria insuficiente e até errônea, pois descrevendo,
estaríamos falando não da realidade do Além, mas transformaríamos o céu
num pobre aquém, num prolongamento do nosso mundo e desta nossa vidinha –
e o céu não é isso!) Balthasar nos diz que o céu é Deus – e Deus como
Se nos seu em Cristo! O Céu é estar no banquete eterno no qual Deus nos
sacia de vida, reclinando a nossa cabeça de peregrinos sobre o seio de
Cristo, como o Discípulo Amado na Última Ceia. O céu é Deus: é estar
Nele, participar da Sua vida, mergulhar no mar sem fim do Seu coração! –
Deus Amado, Escondido e Revelado, Desejado com ânsia, Tu és meu céu,
meu refúgio, meu remanso, minha vida, meu descanso e eterna felicidade!
Ganhar-Te é viver de verdade, é o gozo da plenitude sem fim e sem
limites!
E o inferno? Não poderia jamais ser
compreendido sem Deus, sem o infinito amor que Ele nos revelou em Jesus
morto e ressuscitado. Se Deus é nossa saudade e nosso repouso, se Deus é
nosso destino e nossa plenitude, perdê-Lo é nosso tormento, nossa
frustração radical, nossa depressão sem cura, nosso absurdo visceral.
Deus é nosso inferno, pois o aconchego do qual temos saudade – aconchego
no Seu coração – nós o perderíamos para sempre e veríamos que nossa
existência tornara-se absolutamente vazia, absurda, sem sentido. Deus é
meu inferno como amor perdido, distante, irremediavelmente frustrado.
Não há inferno maior – e não se pode imaginar o quanto tão grande seja! –
que ver o Amor e se perceber irremediavelmente excluído Dele; ver a
Plenitude e saber-se para sempre longe Dela, conhecer e reconhecer
Aquele que é mais íntimo de nós que nós mesmos e sabê-Lo eternamente
perdido para nós! Como não se pode imaginar a alegria do céu, tampouco
se pode imaginar a frustração danada do inferno...
Deus é também nosso juízo. No Seu Filho
pleno do Santo Espírito de Amor, fogo que ilumina, purifica e
transfigura, nós veremos o que fomos, o que somos. Por aqui, por este
mundo, mais das vezes nos vemos na nossa própria luz, segundo nossos
próprios critérios. Mas, no Dia de Cristo, ver-nos-emos na Sua luz (e
esta luz é o Espírito Santo): “Na Tua luz veremos a luz!” É Cristo morto
e ressuscitado o critério da verdade e da mentira, do bem e do mal, da
vida e da morte. Veremos, então, como somos vistos por Deus,
ver-nos-emos na nossa verdade – e a nossa verdade é o modo como Deus nos
vê!
E o purgatório? Balthasar insiste: é
Deus! Deus é nosso purgatório, pois no Fogo devorador, que é o Espírito
do Seu Filho Jesus, nos purifica, queimando amorosamente a escória dos
nossos pecados no abrasamento apaixonado da Sua caridade, libertando-nos
daquelas pequenas impurezas das quais não tivemos a coragem de nos
libertar nos dias desta vida. Deus é nosso purgatório, pois no Santo
Espírito de Jesus arremata a obra iniciada em nós nesta vida!
Pensemos, pois: Deus é nosso tudo, nossa
Origem e nosso Destino. E tudo isto Ele é em Jesus Cristo, o Filho
amado, através de quem e para quem o Pai tudo criou na potência do
Espírito... É este o sentido profundo da meditação cristã sobre as
coisas últimas. Todas as imagens que usamos e que o imaginário popular
utiliza são para ilustrar esta realidade tão profunda e tão
consoladora...
Post retirado do Blogger de Sua Excelência Reverendíssima Dom Henrique Soares da Costa
A situação da Igreja: uma ameaça, uma chance.
Caro Internatua, saiu o resultado do
último censo no tocante à religião no Brasil. Diminuiu o número de
católicos, como já era de se esperar. Por todos os lados aparecem
análises desse resultado. Em maio de 2006 escrevi sobre este tema. Não
mudo uma vírgula do que escrevi naquela época. Cada vez que sai uma nova
pesquisa, republico o meu texto, porque é o que penso e me apraz
compartilhar com outros esta análise... Aqui vai ela mais uma vez, toda
inteira, tal como escrevi em maio de 2006, sem tirar nem pôr!
Recente estudo, apresentado na PUC de
São Paulo, dá conta que a cada ano, no Brasil, a Igreja católica perde
1% de seus fiéis. Há gente muitíssimo preocupada com isso. É bom mesmo!
Gostaria de partilhar com você, caro Visitante, alguns pensamentos sobre
esta realidade.
(1) É necessário, antes de tudo, compreender que parte deste fenômeno é típico de nossa época e, neste sentido, não podemos fazer nada para detê-lo. Pela primeira vez na história humana a população mundial é preponderantemente urbana, vivendo num intenso processo de massificação,
desenraizamento cultural e despersonalização e pressionada por uma gama
desumanizante de informação. Os meios de comunicação, com sua incrível
força de penetração, e o excesso de ideias em circulação desestabilizam os valores das pessoas e das sociedades de modo nunca antes imaginado. Esse fenômeno faz com que se perca o sentido e o valor da tradição.
Não faz muito tempo, cada pessoa era situada em relação à sua família à
sua comunidade. O indivíduo sabia quem era, de onde vinha, quais seus
valores, qual seu universo existencial... Agora, isso acabou: cada um se
sente só, numa corrida louca para ser feliz a qualquer custo, iludido,
pensando que os valores dos antepassados e do seu grupo só são valores
se interessarem a si próprio, individualmente: é verdade o que é verdade
para mim; é bom o que realiza meus desejos e expectativas; cada um é a
medida do bem e do mal. É triste, mas cada pessoa acha que tem o direito
e o dever de começar do zero e "redescobrir a roda", de fabricar sua
receita de felicidade, determinando de modo autônomo o que é certo e o
que é errado, o que é bom e o que não é. Isto é pura loucura, mas é
assim! E lá vamos nós, gritando: "Eu tenho o direito de ser feliz; a
vida é minha e faço como eu quero. Eu decido o que é certo e o que é
errado..."
(2) No tocante à religião, o
homem da sociedade consumista e hedonista do Ocidente não está à procura
da verdade, mas sim do bem-estar. A sociedade ocidental já não
crê que se possa atingir a Verdade e viver na Verdade. Agora há somente
a verdadezinha de cada um, feita sob medida: é "verdade para mim" o que
me faz sentir bem, o que resolve minhas necessidades imediatas. Religião
não é mais questão de aderir à Verdade que dá sentido à existência, mas
sim de entrar num grupo que resolva meus problemas afetivos,
emocionais, de saúde e até materiais... Religião não é um modo de servir a Deus e nele me encontrar, mas um modo de me servir de Deus para resolver minhas coisas... Como
diz o Edir Macedo, a Bíblia é uma ferramenta para se conseguir aquilo
que se quer! Vivam RR Soares, Edir Macedo e companhia...
(3) A urbanização violenta e massificante faz com que as pessoas busquem refúgio em pequenos grupos que
lhes proporcionem aconchego e segurança. Por isso as seitas atraem
tanto: elas criam um diferencial entre mim e o mundo cão; dão-me a
sensação de estar livre do monstro da desumanização, do anonimato, da
nadificação...
Veja bem, meu Leitor, que contra esta
realidade a Igreja não pode fazer muito. A multidão continuará presa das
ideias desvairadas dos meios de comunicação; a busca do bem-estar
egoístico continuará fazendo as pessoas buscarem a religião como um
refúgio e um pronto socorro e, finalmente, a busca de se sentir alguém,
fará as pessoas procurarem pequenos grupos nos quais se sintam acolhidas
e valorizadas.
Mas, por que este fenômeno atinge sobretudo os católicos? Por vários motivos:
a) Somos a massa da população brasileira e não temos como dar assistência pastoral personalizada a todos os fiéis. Isso seria praticamente impossível, mesmo que tivéssemos o triplo do número de padres e agentes de pastoral...
b) Historicamente, nossa catequese deixou muito a desejar e nas últimas décadas piorou muito: é uma catequese de ideias vagas, mais ideológica que propositiva, ambígua, que não tem coragem de apresentar a fé com todas as letras... Ao invés, apresenta a opinião desse
ou daquele teólogo... Assim, troca-se a clareza e simplicidade da fé
católica (como o Catecismo a apresenta) por complicadas e inseguras
explicações, fazendo a fé parecer uma questão de opinião e não uma certeza que vem de Deus;
algo acessível a especialistas letrados e não aos simples mortais. Céu,
inferno, anjos, diabo, purgatório, valor da missa, doutrina moral –
cada padre diz uma coisa, cada um acha que pode construir sua verdade...
Tudo tende a ser relativizado... Uma religião assim não segura ninguém e
não atrai ninguém.Religião é lugar de experimentar a certeza que vem de Deus, não as dúvicas e vacilações dos tateamentos das opiniões humanas. É preciso que as opiniões cedam lugar à certeza da fé da Igreja!
c) No Brasil há, desde os anos setenta, uma verdadeira anarquia litúrgica, ferindo de morte o núcleo da fé da Igreja.
Bagunçou-se de tal modo a liturgia, inventou-se tanta moda, fez-se
tanta arbitrariedade, que as pessoas saem da missa mais vazias que o que
entraram. A missa virou o show do padre ou o show "criativo e maravilhoso" da comunidade. A missa tornou-se autocelebração... Mas, as pessoas não querem show, criatividade nem bom-mocismo: as pessoas querem encontrar Deus nos ritos sagrados! Hoje,
infelizmente, celebra-se com mais respeito e seriedade um culto
protestante ou um toque da umbanda que uma missa católica! No culto não
se inventa, na umbanda não se inventa; na liturgia da Igreja do Brasil, o clero se sente no direito absurdo de inventar! Isso é um gravíssimo abuso e uma tirania sobre
a fé do povo de Deus! É muita invenção, é muita criatividade fajuta.
Bastaria abrir o missal e celebrar com devoção e unção, cumprindo as
normas litúrgicas...
d) A Igreja no Brasil, em nome de uma preocupação com o social (que em si é necessária e legítima) descuidou-se dos valores propriamente religiosos e muitas vezes fez pouco da religiosidade popular (quantas
vezes se negou uma bênção, uma oração de cura, a administração de um
sacramento, uma procissão com a presença do padre, o valor de uma novena
e de uma romaria...). Ora, hoje o “mercado” de religião é diversificado:
se o padre não sabe falar de Deus, o pastor sabe; se na homilia não se
prega a palavra, mas se a instrumentaliza política e ideologicamente, o
pastor prega a palavra; se o padre não dá uma bênção, o pastor dá...
Infelizmente, às vezes, tem-se a impressão que a Igreja é uma grande ONG,
preocupada com um monte de coisas e não muito atenta a pregar Jesus
Cristo e a sua salvação... Não se vê muito nossos padres e freiras
apaixonados por Cristo e pelo Evangelho. Fala-se muito em
valores do Reino, compromisso cristão, etc... Isso não encanta! Quem
encanta, atrai, comove, converte e dá sentido a vida é uma Pessoa: Jesus
Cristo!
e) Outra triste realidade é o processo de dessacralização.
Parece que o clero e os religiosos perderam o sentido do sagrado. Adeus
ao hábito religioso, adeus à batina, adeus ao clergyman, adeus à oração
fiel e obediente da Liturgia das Horas, adeus ao terço diário ("para
que terço?"), adeus ao ethos, isto é, àquele conjunto
de realidades, de modo de ser e de viver que fazia com que o povo
reconhecesse o padre como padre, o religioso como religioso, a freira
como freira.Parece que se faz questão de transgredir, de chocar, de desnortear a expectativa do povo, de negar a identidade...
Hoje tudo é ideologizado: a pobreza é "espiritual" e não real,
material, concreta; assim também a obediência, a vida mística, a
penitência e a mortificação e, muitas vezes, os votos e compromissos...
Tem-se, portanto,uma religião cerebral e não encarnada na carne da vida, da existência concreta material... E nada mais anticristão que um cristianismo cerebral...
f) Nossas comunidades são meio frias; nossos padres não têm muito tempo. Não temos leigos capacitados para umapastoral da acolhida,
que faça com que nossas igrejas estejam abertas e tenham pessoas para
ouvir, aconselhar, consolar... Infelizmente, ainda que não queiramos, às
vezes a Igreja parece uma grande repartição pública e impessoal... A
paróquia somente terá futuro como cadeia de comunidades vivas e
aconchegantes, nas quais se façam efetivamente a experiência da
proximidade de Deus e dos irmãos...
g) As homilias em nossas missas são chatas e moralizantes: só dizem que devemos ser bonzinhos, justos, honestos... A homilia deveria ser anúncio alegre da Palavra que comunica Jesus e sua salvação, tal como a Igreja sempre creu, celebrou e anunciou. A homilia deve ainda ser fruto de uma experiência de Deus; somente assim reflete um testemunho e não um exercício de propaganda. A fé que devemos anunciar é a fé da Igreja, não nossas teorias e nossas idéias estapafúrdias... Isso desnorteia e destrói a fé do povo de Deus. Por que alguém seria católico se nem os ministros da Igreja acreditam realmente na sua doutrina e na sua moral? Os padres nisso têm uma imensa responsabilidade e uma imensa parcela de culpa!
Sinceramente, penso que o número de católicos diminuirá mais e drasticamente. Mas, não devemos nos assustar. Veja, caro Visitante, e pense:
1. O cristianismo nunca deveria ser uma religião de massa. A fé cristã deve nascer de um encontro pessoal e envolvente com Cristo Jesus.
Somente aí é que eu posso abraçar o ser cristão com todas as suas
exigências de fee de moral. Nós estamos vendo o fim do cristianismo de
massa, que começou com o Edito de Milão, em 313, e com o batismo de
Clóvis, rei dos francos, e de todo o seu povo, em 496, na Alta Idade
Média. No Brasil, esse cristianismo de massa começou com a colonização e
o sistema do padroado. Aí, ser brasileiro e ser católico eram a mesma
coisa. Ora, será que no cristianismo pode mesmo haver conversão de
massa?
2. A Igreja voltará a ser um pequeno rebanho,
presente em todo o mundo, mas com cristãos de tal modo comprometidos
com o Evangelho, de tal modo empolgados com Cristo, de tal modo formando
comunidades de vida, oração, fé e amor fraterno, que serão um sinal, uma luz, uma opção de vidapara todos os povos da terra. Era isso que os Padres da Igreja desejavam: não
que todos fossem cristãos a qualquer custo, mas que os cristãos fossem,
a qualquer custo, cristãos de verdade, sal da terra e luz do mundo,
entusiasmados por Cristo e por sua Igreja católica.
3. O fato de sermos minoria e mais coerentes com o Evangelho, nos fará diferentes do mundo e redescobriremos a novidade e singularidade do ser cristão. Isso nos fará atraentes para aqueles que buscam com sinceridade a Luz e a Verdade. Por isso mesmo, a
Igreja não deve cair em falsas soluções de um cristianismo frouxo e
agradável ao mundo, de uma moral ao sabor da moda, de um ecumenismo
compreendido de modo torto e de um diálogo interreligioso que coloque
Cristo no mesmo nível das outras tradições religiosas. Ecumenismo e
diálogo religioso sim, mas de acordo com a fé católica! O
remédio para a crise atual e o único verdadeiro futuro da Igreja é a
fidelidade total e radical a Cristo, expressa na adesão total à fé
católica.
4. É imprescindível também melhorar e muito a formação dos nossos padres e religiosos.
Como está, está ruim. Precisamos de padres com modos de padres e
religiosos com modos de religiosos; precisamos de padres e religiosos
bem formados humana, afetiva, teológica e moralmente. O padre e o
religioso são pessoas públicas e devem honrar a imagem da Igreja e o
nome de cristãos; devem saber portar-se ante o mundo, as autoridades e a
sociedade. Nisso tem havido grave deficiência no clero e nos religiosos
do Brasil...
É importante perceber que, apesar
de diminuir o número de católicos, nunca as comunidades católicas foram
tão vivas, nunca os leigos participaram tanto, nunca se sentiram tão
Igreja, nunca houve tantas vocações. Muitas vezes, os leigos
são até mais fervorosos e radicais (no bom sentido) que padres e
religiosos. A Igreja está viva, a Igreja é jovem, a Igreja continua
encantada por Cristo! O clero e os religiosos deveriam deixar de
lado as ideologias, as teorias pouco cristãs e nada católicas
defendidas em tantos cursos de teologia e livros muito doutos e pouco
fiéis, e serem mais atentos ao clamor do povo de Deus e aos sinais dos
tempos – sinais de verdade, que estão aí para quem quiser ver, e não os
inventados por uma teologia ideologizada de esquerda! Além disso, é necessário considerar que a
Igreja não é nossa: é de Cristo. Ele a está conduzindo, está
purificando-a, está levando-a onde ele sabe ser o melhor para que seu
testemunho seja mais límpido, coerente e puro. Nós temos os
nossos caminhos, Deus tem os dele; temos os nossos planos e modos que,
nem sempre, coincidem com os do Senhor. Pois bem, façamos a nossa parte.
Deus fará o resto!
Isso é o que eu penso, sinceramente, e com todo o meu coração.
Post retirado do Blogger de Sua Excelência Reverendíssima Dom Henrique Soares da Costa
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Ideologia do Gênero: Ciência nega CATEGORICAMENTE que o Gênero seja “construção social”.
E criou Deus o homem à Sua Imagem
à Imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
Génesis 1:27
Por Pär Ström
Muitas feministas alegam que as distinções que podem ser observadas
entre os homens e as mulheres são ensinadas. Segundo elas, são as
expectativas ambientais que pressionam os rapazes a agir como rapazes e
as mulhers agirem como mulheres. Estas diferenças, dizem-nos elas,
permanecem por toda a vida.
“Não se nasce mulher; torna-se numa” Simone de Beauvoir (1908-1986).
A teoria em torno do gênero como uma construção social chegou até a
ser aceite politicamente [na Suécia]. O governo social democrata da
altura colocou isso mesmo na sua declaração governamental de 2002. Isto
encontra-se na declaração governamental Skr 2002/2003:140.
“Apesar da longa história em torno do trabalho ativo em prol da
igualdade, a nossa sociedade continua caracterizada por uma estrutura de
poder de gênero. No futuro, o nosso trabalho deve possuir uma direcção
mais feminista. Isto significa que temos que estar cientes da estrutura
de poder de género – que as mulheres são subordinadas e os homens
superiores – e temos que estar preparados para mudar esta situação. Isto
significa também que o governo tem que considerar o masculino e o
feminino como “construção social”, isto é, padrões de género criados
externamente após o nascimento através da nossa educação, cultura,
enquadramentos económicos, estruturas de poder e a nossa ideologia
politica.
Quem estuda as pesquisas e os dados científicos, em vez de documentos
políticos, encontrará diferenças significativas entre os sexos já na
altura no nascimento. Estas diferenças genéticas controlam muitos dos
traços que estão por trás do nosso comportamento diário.
Quais são as diferenças entre os sexos?
Um dos grandes nomes desta área é Simon Baron-Cohen, professor na
Universidade de Cambridge na Grã-Bretanha. Cohen desenvolveu a assim
chamada ‘E-S Theory’ [daqui para a frente, referida apenas como EST]
onde ‘E’ significa empatia e S significa sistematização. Ser empático
implica que uma pessoa conecta-se a outros seres humanos, entende-os e
comunica com eles. Sistematização significa que uma pessoa analisa,
entende e constrói sistemas – sistemas abstratos ou sistemas técnicos.
Segundo a EST, e analisando a forma como o cérebro funciona, as
pessoas podem ser divididas em 3 grandes grupos. Os tipos de cérebro
são:
- O cérebro E onde a aptidão empática supera em muito a sua habilidade para sistematizar.
- O cérebro S onde a aptidão para sistematizar é maior que a sua aptidão para a empatia.
- O cérebro B onde as duas capacidades se encontram igualmente desenvolvidas.
Segundo o professor Baron-Cohen, o cérebro E é típico das mulheres e o
cérebro S é típico dos homens. Existem variações individuais e
excepções mas o padrão geral é forte.
Outro pesquisadora que também possui um interesse pelo tópico é
Annica Dahlström, professora emérita no departamento de química médica e
biologia celular na Universidade de Gotemburgo. Ela dedicou 15 anos da
sua vida a este assunto. No seu livro ‘Gender is in the Brain’ ["O
Género Encontra-se no Cérebro"] ela reporta a complexa relação química
entre os hormonas, o cérebro, e outros órgãos que, tanto antes como
depois do nascimento, transformam os seres humanos em homens e mulheres.
Mesmo que existam discrepâncias individuais, Annica Dahlström afirma
que existem coisas como características “femininas típicas”, e
características “masculinas típicas”. Segundo Dahlström, em média as
mulheres são:
- Mais empáticas e preocupadas
- Melhores na comunicação verbal e linguagem
- Detectam mais nuances e detalhes com os seus olhos e ouvidos.
- São mais sensíveis ao estado de espírito dos outro bem como aos sinais sutis
- Podem fazer associações mais rápidas com informação guardada anteriormente
- São melhores no multitasking [várias tarefas ao mesmo tempo]
Com os homens, no entanto, segundo Dahlström, eles:
- Estão mais dispostos a correr riscos e a competir
- São melhores a concentrar a sua atenção a um tópico de cada vez
- São vastamente superiores no pensamento abstrato.
- Possuem melhor visão tri-dimensional
- São mais extremos (em ambas as direções) no que toca a inteligência (embora a inteligência média entre os sexos seja a mesma)
Um terceiro pesquisador a levar em conta é Germund Hesslow, professor
de neuro-ciência na Universidade de Lund. Ele afirma que as diferenças
entre homens e mulheres encontram-se bem documentadas. Por exemplo, diz
Hesslow, os homens, no geral, possuem uma habilidade superior para
pensamento espacial e resolução de problemas matemáticos. Para além
disso, os homens são mais agressivos e determinados no que toca a correr
riscos.
As mulheres, diz Hesslow, são mais compassivas (especialmente com as
crianças) e mais cuidadosas na escolha dos parceiros. Quando comparadas
com os homens. as mulheres têm mais dificuldade em considerar relações
sexuais breves. Tal como Dahlström, Hesslow também afirma que os homens
exibem uma maior distribuição de inteligência que as mulheres.2
Eu poderia continuar a citar outros pesquisadores que documentaram as
diferenças entre os sexos, mas em vez disso, vamos analisar o que as
pesquisas dizem em tornos das causas dessas distinções.
Comportamento aprendido ou diferenças genéticas?
Pode-se dizer, portanto, que há distinções entre os sexos. Mas serão
essas distinções aprendidas ou genéticas? Apesar do ambiente social ter
influência, existe uma lista enorme de estudos científicos que ressalvam
a enorme e significativa importância das diferenças biológicas entre os
sexos. A Scientific American sumarizou a questão muito bem num artigo
em torno do cérebro masculino e do cérebro feminino. Isto é que eles
escreveram:
Durante a década passada, os investigadores documentaram uma
surpreendente quantidade de variações [diferenças] estruturais, químicas
e funcionais entre o cérebro masculino e o feminino. 3
Analisemos um certo número projectos de pesquisa que demonstram que a
genética encontra-se por trás de muitas das diferenças entre os sexos
que podemos observar. Podemos começar na Suécia com Arne Müntzing,
geneticista e professor de hereditariedade.
Ainda em 1976 ele estudou bebés com 12 semanas, que dificilmente
poderiam ter sido influenciados pelos papéis de género [inglês: "gender
roles"], e observou diferenças essenciais no comportamento dos rapazes e
das moças. Müntzing escreveu:
Os rapazes ganham muito cedo um melhor entendimento da espacialidade,
a posição dos corpos em relação aos outros. Esta é provavelmente a
razão que leva a que, mais tarde, os rapazes se interessem mais que as
moças em construções técnicas e problemas matemáticos.
As mulheres, por outro lado, buscam os problemas segundo um ângulo
humano. Não é só o meio ambiente que leva a que as meninas coloquem os
soldados de chumbo numa cama de algodão de modo a que eles estejam
confortáveis e bem aquecidos. 4
No ano de 1999 a estudante de doutoramento Anna Servin - Instituto de
Psicologia da Universidade de Uppsala - levou a cabo um estudo em 300
crianças. Este projeto foi feito em cooperação com pesquisadores e
médicos do Hospital Huddinge Hospital. Servin detectou claras diferenças
comportamentais presentes já aos 9 meses, diferenças essas que,
posteriormente, aumentaram com o passar do tempo.
Ela escreveu na sua tese que é a quantidade de andrógenos (hormonas
masculinos) que determina o comportamento da criança, incluindo coisas
como o tipo de brinquedos com os quais a criança quer brincar.5
Esta é a forma como Anna Servin sumarizou as diferenças
comportamentais entre os rapazes e as mulheres e a forma como estas
características influenciam a escolha de brinquedos:
De modo geral, os rapazes possuem uma aptidão espacial; eles vêem e
entendem como os vários tipos de construção funcionam e ficam mais
satisfeitos com brinquedos de construção.
As meninas são melhor equipadas verbalmente e possuem um interesse
maior nos relacionamentos. Como tal, escolhem brinquedos que estão de
acordo com estas habilidades.
Fala a testosterona.
O professor Richard Udry - Universidade da Carolina do Norte -
comparou os níveis de testosterona nos fetos femininos com a atitude e
comportamento das mesmas pessoas 30 anos mais tarde. Ele verificou que
há uma conexão entre o nível de testosterona durante a altura fetal e o
nível de comportamento masculino/feminino nos seus 30 anos. O
comportamento monitorizado nos adultos foi a sua atitude perante as
crianças, casamento, trabalho, carreira e a sua aparência.
Níveis elevados de testosterona durante a fase fetal correspondiam a comportamentos menos femininos e atitudes menos femininas.6
Os ftalatos são um grupo de compostos químicos que inibem os hormonas
sexuais. Oito pesquisadores da Universidade de Rochester descobriram
que os rapazes que são expostos aos ftalatos durante a fase fetal irão
brincar de uma forma menos masculina com outros rapazes.7 Análogo a
isto. Sete pesquisadores da Universidade de Cambridge concluíram que
elevados níveis de hormona sexual masculino – testosterona – durante a
fase fetal resultará num comportamento mais masculino durante as
brincadeiras. 8
Um grupo de pesquisadores americanos e britânicos concluiu que o
nível de testosterona durante a fase fetal determinará o quão
interessada em sistematização a criança mais tarde ficará. Quanto maior
for o nível de testosterona, maior será o interesse em sistematização. 9
Uma quarta pesquisa determinou que meninas que sofrem de “Congenital
Adrenal Hyperplasia Disorder” – isto é, níveis anormais da hormona
masculina testosterona – irão preferir brinquedos de construção e
brinquedos de transporte mais do que as outras meninas. Para além disso,
elas irão brincar de forma mais dura e agressiva..10
Desde a mais tenra idade que os rapazes se encontram mais
interessados em objetos mecânicos enquanto que as muleres nutrem um
interesse maior por rostos. Um projecto de pesquisa mostrou que as
mulheres com um ano de idade demoravam mais tempo que os rapazes a
olhar para a cara da mãe. Quando se mostravam filmes às crianças com 1
ano, as meninas demoravam mais tempo que os rapazes a olhar para os
filmes que exibiam uma cara, enquanto que os rapazes demoravam mais
tempo a observar filmes que exibiam carros.11
Será possível que estas crianças de 1 ano tenham sido influenciadas
pelas expectativas do mundo à sua volta em torno dos papeis de género?
De modo a investigar esta crença, estes pesquisadores continuaram com o
trabalho e levaram a cabo um estudo similar em crianças com 1 dia de
vida.
As crianças poderiam escolher entre olhar para o rosto duma mulher ou
olhar para dispositivo móvel mecânico que, na sua cor, tamanho e forma,
lembrava o rosto!. Os resultados demonstraram que os bebés masculinos
dedicavam mais tempo a olhar para o dispositivo móvel enquanto que as
bebés femininas devotavam a maior parte do tempo a olhar para o rosto.
O professor Simon Baron-Cohen da Universidade de Cambridge apurou
também que as meninas com 12 meses de idade possuem uma resposta mais
empática aos problemas alheios que os rapazes com a mesma idade.12
Há algum tempo atrás o hormônio feminino dietilestilbestrol foi usado
para tratar as mulheres que haviam tido abortos espontâneos
consecutivos. Isto viabilizou alguns interessantes projetos de pesquisa.
Entre outras coisas, ficou demonstrado que os rapazes que nasciam de
mulheres que haviam recebido o em cima mencionado tratamento - isto é,
que haviam recebido hormonios femininos - demonstravam comportamento
mais “feminino” e mais empático. Por exemplo, quando comparados com
outros rapazes, eles demonstravam um maior interesse em brincar com
bonecas.13
Outra pesquisa foi levada a cabo nos rapazes nascidos com a
deformação IHH, significando que os seus testículos eram pequenos e,
desde logo, produtores de quantidades menores de testosterona. Os
estudos mostraram que estes rapazes eram piores que outros rapazes na
sistematização de formas espaciais.
Adicionalmente, existem rapazes que nascem com o AI Syndrome,
condição que deixa os rapazes não-receptivos aos andrógenos (hormonio
sexual masculino) Eles são piores na sistematização espacial. Ao mesmo
tempo, as moças nascidas com Congenital Adrenal Hyperplasia Disorder,
que, como dito em cima, resulta em níveis anormais de andrógenos
(masculinos), são mais inteligentes na sistematização espacial que as
outras mulheres.14
Existe também um projeto de pesquisa que demonstra como o nível de
testosterona determina o nível de riscos económicos na idade adulta.
Entre outras coisas, os pesquisadores estabeleceram que as mulheres que
escolhem uma carreira na área das finanças possuem níveis de
testosterona superiores, quando comparadas com outras mulheres.15
O periódico sueco Illustrerad Vetenskap (Ciência Ilustrada)
Pesquisas recentes mostram que os homens possuem 6,5 vezes mais massa
encefálica cinzenta que as mulheres, enquanto que elas possuem 10 vezes
mais massa encefálica branca que os homens. Isto pode explicar o porque
dos homens serem melhores, por exemplo, em matemática, enquanto que as
mulheres são melhores nas línguas.
Homo Sapiens é um animal.
Estudos em torno do mundo animal são interessantes uma vez que os
animais dificilmente podem ser influenciados pelas normas sociais e
papéis de género humanos. Se a natureza criou [sic] os animais de modo a
que os sexos sejam distintos por motivos biológicos, porque é que os
homo sapiens seria uma exceção? Seguem-se alguns projetos de pesquisa
com os animais interessantes.
Um estudo usou um certo número de macacos a quem foram dados um certo
número de brinquedos. Eles encontravam-se entre bonecas, caminhões e
brinquedos genericamente neutros como livros com pinturas.
Os pesquisadores observaram como os machos passavam mais tempo a
brincar com os brinquedos “masculinos” enquanto que as fêmeas passavam
mais tempo que os machos a brincar com os brinquedos “femininos”.
Ambos os sexos passaram o mesmo tempo em redor dos livros com imagens e em redor de outro brinquedos genericamente neutros.17
Outro projeto expôs os fetos fêmea dos macacos aos andrógenos
(hormonas sexuais masculinos). Mais tarde, enas suas brincadeiras, estas
fêmeas exibiram um comportamento mais masculino que as demais fêmeas.18
Uma terceira pesquisa levada a cabo por um terceiro grupo de
cientistas ofereceu paus como brinquedos aos macacos e observou como as
fêmeas, de forma bem clara, brincavam com os paus como se os mesmos
fossem bonecas, algo que os machos fizeram em escala muito menor.19
Num quarto projecto os pesquisadores deram dois tipos de brinquedos
aos macacos – veículos com rodas e brinquedos de peluche. Os machos
demonstraram um forte e persistente interesse nos veículos enquanto que
as fêmeas não demonstraram qualquer tipo de interesse por nenhum dos
brinquedos.20
Um quinto estudo em torno dos macacos demonstrou como, em larga
escala, os machos focaram-se nos carros enquanto que as fêmeas
preferiram as bonecas.21
Experiências foram também levadas a cabo com ratos. As fêmeas
injectadas com testosterona à nascença aprenderam mais rapidamente a
navegar pelo labirinto que as fêmeas sem o hormona. Elas atingiram
também uma proficiência final superior que as fêmeas que não receberam o
hormona masculino. O labirinto testava a aptitude espacial.22
Em jeito de conclusão podemos determinar que a alegação “o género é uma construção social” é um mito.
Antes de terminar este capítulo, gostaria de falar nas diferenças
genéticas entre os sexos que possuem um peso enorme no debate em torno
da igualdade.
Como mencionei anteriormente, os homens e as mulheres possuem a mesma
inteligência média mas a inteligência é mais dispersa entre os homens.
Isto significa que há mais tolos e génios entre os homens enquanto que
as mulheres se encontram a meio da escala.
Esta amplitude pode ser considerada como desinteressante do ponto de
vista da igualdade. Afinal, o fato da inteligência média entre ambos os
sexos ser basicamente a mesma não é o mais importante?
Mas consideremos o fato de existirem muitas situações onde o foco se
encontra completamente nos extremos e particularmente no extremo mais
elevado: os génios. A maior amplitude masculina implica com lógica
matemática que há mais génios entre os homens do que entre as mulheres. O
que é que isto significa para a composição genética dos, por exemplo,
prémio Nobel?
Do ponto de vista puramente estatístico é, portanto, normal que haja
mais laureados entre os homens em áreas que exijam mais inteligência.
Isto foi também ressalvado por Annica Dahlström23 e Germund Hesslow,24
que, por sua vez, provocou respostas violentas. Mas a realidade é o que é
independentemente do que cada um pensa dela.
O fato das mulheres serem compensadas por terem entre si menos tolas
do que o número de menos inteligentes entre os homens não recebe muita
atenção mediática porque os menos inteligentes raramente se encontram no
foco dos holofotes. Mas isto provavelmente contribui também para o fato
de haver menos mulheres nas camadas mais baixas da sociedade tais como
as prisões ou entre os sem abrigo.
1 ‘The Essential Difference: The Truth about the Male and Female Brain’, Simon Baron-Cohen, 2003
2 Article ‘Omöjlig kamp för att uppnå likhet mellan könen’, DN.se op-ed page (available online, date n/a)
3 Article ‘His Brain, Her Brain’, Scientific American, May 2005
4 ‘Varför är vi olika? kvinna and man, svart and vit, kropp and själ’, Arne Müntzing, 1976
5 Article ‘Hormoner styr hur barn leker’, Aftonbladet. Available online, date n/a
6 Article ‘Biological limits of gender construction’, American Sociological Review, Vol 65, No 3, pp 443-457
7 Article ‘Prenatal phthalate exposure and reduced masculine play in boys’, International Journal of andrology
8 Article ‘Fetal Testosterone Predicts Sexually Differentiated Childhood Behavior in Girls and in Boys’, Psychological Science
9 Article ‘Foetal testosterone and the child systemizing quotient’, European Journal of Endocrinology, vol 155
10 Handbook of social psychology, Volume 1, page 639, Susan T Fiske, Daniel T Gilbert, Gardner Lindzey
11 Paper ‘The Essential Difference: the male and female brain’, Phi Kappa Phi Forum 2005 (Special issue on the Human Brain)
12 Paper ‘The Essential Difference: the male and female brain’, Phi Kappa Phi Forum 2005 (Special issue on the Human Brain)
13 Paper ‘The Essential Difference: the male and female brain’, Phi Kappa Phi Forum 2005 (Special issue on the Human Brain)
14 Article ‘Risky Business – Women Have Higher Testosterone In Financial Careers’, Science 2.0, 24 August 2009
15 Article ‘Lär sig flickor and pojkar olika?’ Illustrerad Vetenskap, 16 March 2011
16 Article ‘His Brain, Her Brain’, Scientific American, May 2005
17 Handbook of social psychology, Volume 1, page 639, Susan T Fiske, Daniel T Gilbert, Gardner Lindzey
18 Article ‘Young female chimpanzees appear to treat sticks as dolls’, 20 December 2010, PhysOrg.com
19 Williams CL and Pleil KE. 2008. ‘Toy story: Why do monkey and human males prefer trucks? Comment on ‘Sex differences in rhesus monkey toy preferences parallel those of children’, Hassett, Siebert an Wallen
20 Alexander G and Hines M. 2002. ‘Sex differences in response to children’s toys in nonhuman primates, Evolution and Human Behavior’
21 Paper ‘The Essential Difference: the male and female brain’, Phi Kappa Phi Forum 2005 (Special issue on the Human Brain)
22 Article in DN Debatt, ‘Långt färre kvinnliga än manliga genier’. Available online, date n/a
23 Article ‘Omöjlig kamp för att uppnå likhet mellan könen’, DN Debatt. Removed from the web but copies still available – search for the title, date n/a
24 Article ‘HisBrain, HerBrain’, ScientificAmerican, May 2005, ‘Human sex differences in social and non-social looking preferences at 12 months of age’, Svetlana Lutchmaya, Simon Baron-Cohen
Cristofobia: 17 cristãos são mortos por hora, a cada dia, em algum lugar do mundo!
Cristãos coptas protestam contra extremismo islâmico
A celebração anual dos Estados Unidos
pelo Dia da Independência foi acompanhada este ano pela Fortnight for
Freedom dos bispos dos EUA, uma rodada de oração e de defesa dedicada à
preservação da liberdade Religiosa. O exercício renovou o debate sobre
se há ou não uma guerra contra a religião nos Estados Unidos,
alimentada, naturalmente, pela política das eleições de 2012.
A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada no jornal National Catholic Reporter, A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Inegavelmente, há importantes questões
Igreja-Estado em jogo nos EUA, em um crescente número de outros
lugares, porem, há uma guerra decididamente literal contra a religião
vindo pela frente. Suas vítimas são ameaçadas, espancadas, presas e até
mesmo assassinadas.
Aqui está um rápido retrato do que estava acontecendo ao redor do mundo.
- O Pe. Joseph Zhao Hongchun,
administrador apostólico da diocese chinesa de Harbin, foi levado sob
custódia policial no dia 4 de julho para impedi-lo de alimentar a
oposição à ordenação ilícita de um novo bispo de Harbin orquestrada pelo
governo. Ele foi detido por três dias e liberado apenas depois que a
ordenação ocorreu.
- O novo bispo auxiliar de Xangai, Dom Thadddeus Ma Daqin, foi posto
sob prisão domiciliar em um seminário depois de ter renunciado
publicamente à Associação Patriótica dos Católicos Chineses controlada
pelo governo durante a sua missa de ordenação no dia 7 de julho, que
ocorreu com a bênção do papa.
- O Rev. Kantharaj Hanumanthappa,
pastor pentecostal no estado indiano de Karnataka, estava celebrando um
culto no dia 4 de julho quando 20 radicais hindus invadiram o lugar para
acusar os cristãos de proselitismo, ameaçando-os se não fossem embora.
Uma denúncia policial foi arquivada, mas nenhuma ação foi tomada.
Igreja incendiada no Cairo - Egito
- A casa particular do pastor Ramgopal, ministro pentecostal do
estado indiano de Uttar Pradesh, foi invadida pela polícia juntamente
com radicais hindus. O grupo supostamente teria dito ao pastor: “Ou você
vai embora e nunca mais volta, ou nós vamos prendê-lo”. Ele foi
libertado somente depois de assinar uma declaração prometendo a não
celebrar mais serviços de oração na região.
- Um padre católico no Vietnã, J. B.
Nguyen Dinh Thuc, foi atacado por policiais à paisana e por bandidos que
supostamente teriam recebido 25 dólares por cabeça para invadir uma
capela missionária em uma área rural no dia 1º de julho. Seu objetivo
era impedir a celebração de uma missa, parte do que os católicos locais
descrevem como uma política de “limpeza religiosa” imposta por Hanói.
Quando o padre tentou abrir caminho pela multidão, ele foi espancado,
juntamente com diversos leigos que foram em seu socorro. Maria Thi Than
Ngho, uma das leigas, sofreu uma fratura no crânio durante o confronto.
Até o fechamento desta edição, ela permanecia em estado crítico.
- Yelena Kim, uma batista do Uzbequistão, presa no fim de junho por
ter “ensinado religião ilegalmente”, está agora diante de três anos
atrás das grades depois que a polícia invadiu a sua casa e confiscou as
suas Bíblias, seus hinários e outros materiais religiosos.
- Ghulam Abbas, um homem com
deficiência mental de uma região do Punjab sob o controle paquistanês,
foi jogado na prisão no dia 3 de julho, depois de rumores de que ele
havia queimado algumas páginas de um Alcorão. Antes de que se pudesse
fazer qualquer investigação ou julgamento, uma multidão muçulmana
extremista invadiu a cadeia, arrastou Abbas da sua cela e o queimou
vivo. Segundo observadores locais, esse é pelo menos o 35º assassinato
extrajudicial que ocorre depois de uma detenção segundo as famosas leis
da blasfêmia do Paquistão desde 1986.
Profundos agradecimentos ao serviço
de notícias Asia News por nos trazer essas histórias, que, de outra
maneira, seriam quase totalmente negligenciadas.
Mapa da Cristofobia
Esses relatos dão carne e sangue à mais
impressionante narrativa cristã do início do século XXI, que é o
surgimento de toda uma nova geração de Mártires pela Fé. Segundo a
Sociedade Internacional para os Direitos Humanos, 80% de todos os atos
de discriminação religiosa no mundo de hoje são dirigidos contra
cristãos, tornando o cristianismo, de longe, a comunidade religiosa mais
perseguida do planeta. Estimativas confiáveis dizem que cerca de 150
mil cristãos são mortos pela fé todos os anos, o que se traduz em 17
novos mártires a cada hora de cada dia.
A história de Abbas no Punjab também é um lembrete de que os cristãos
não são os únicos que sofrem, já que os relatos sugerem que ele era, na
realidade, um muçulmano. De acordo com um recente estudo de uma
comissão daConferência dos Bispos do Paquistão, pelo menos 964 pessoas
foram acusadas sob as leis da blasfêmia entre 1986 e 2009, das quais 479
eram muçulmanas, 119 cristãos, 340 ahmadis, 14 hindus e 10 de outras
religiões. Essas detenções, muitas vezes, são o pretexto para violências
e assassinatos realizados em multidão, como no caso Abbas.
Os bispos dos EUA, em colaboração com a
Catholic University of America e o Catholic Relief Services, estão
planejando realizar uma conferência intitulada Liberdade religiosa
internacional: Um imperativo para a paz e o bem comum no dia 12 de
setembro em Washington. O cardeal Timothy Dolan, de Nova York, fará o
discurso de abertura, e um alto diplomata vaticano, o arcebispo francês
Dominique Mamberti, foi convidado para proferir o discurso de
encerramento.
EUA: Carolina do Norte reforça casamento natural e proibe “casamento” homossexual”
Por 61% dos votos contra 39%, os
habitantes da Carolina do Norte, nos EUA, aprovaram uma emenda à
Constituição estadual definindo o casamento entre um homem e uma mulher
como sendo “a única união doméstica legal que será válida ou reconhecida
neste Estado”, informou a CWN.
A emenda previne que o legislativo estadual possa legalizar
“casamentos” entre pessoas do mesmo sexo ou uniões civis igualmente
viciadas.
“Embora nosso estado já tenha uma lei que proíbe o casamento entre
pessoas do mesmo sexo, nós somos bem conscientes, pelo que aconteceu em
outros estados, que uma lei como essa pode ser anulada por iniciativas
judiciárias ou legislativas” – escreveram os bispos católicos D. Michael
Burbidge de Raleigh e D. Peter Jugis de Charlotte em carta que foi lida
nas missas em toda a Carolina do Norte no domingo anterior à votação.
“É por isso que é tão importante para nós o voto para proteger o
casamento tradicional e aprovar a emenda que estabelece essa definição
como parte de nossa Constituição estadual. (…) Nós os instamos a
juntar-se a nós para sustentar a vocação sagrada do casamento e tudo
quanto esta definição significa para nós e para o futuro de nosso
estado”, acrescentaram os prelados.
A vitória da emenda pelo verdadeiro casamento adquire ainda mais
relevância por ter acontecido num estado onde os seguidores do Partido
Democrata (esquerda) superam habitualmente os seguidores do Partido
Republicano (conservador) por mais de 750.000 votos.
Numerosos líderes do Partido Democrata, entre os quais o
presidente Barack Obama, o ex-presidente Bill Clinton e o governador
Beverly Perdue, falaram contra a emenda pelo casamento normal, e a
Secretaria de Educação emitiu uma declaração contra a proposta aprovada
por larga maioria popular.
quarta-feira, 11 de julho de 2012
(Especial) Dom Eugênio Sales
Galeria de fotos: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/fotos/2012/07/veja-fotos-da-vida-de-dom-eugenio-sales.html#F502088
Arquidiocese do RJ divulga texto sobre vida de dom EUGÊNIO Sales
Texto é assinado pelo arcebispo do Rio, dom Orani João Tempesta.
Arcebispo emérito do Rio tinha 91 anos e sofreu um infarto em casa.
Leia a o texto na íntegra:
"O
Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, cumpre o dever de
informar do falecimento de seu antecessor: o Emmo. e Revmo. Senhor
Cardeal Dom Eugenio de Araujo Sales, Arcebispo Emérito desta
Arquidiocese. O mais antigo cardeal da Santa Igreja morreu serenamente
no final da noite de ontem, 9 de julho, celebração de Santa Paulina do
Coração Agonizante, na Residência Episcopal de Nossa Senhora da
Assunção, no Sumaré. Deixa-nos com os belos números de 91 anos de vida,
69 de sacerdócio, 58 de episcopado e 43 de cardinalato.
Filho
do Desembargador Celso Dantas Sales e de Josefa de Araujo Sales, nasceu
em Acarí, Rio Grande do Norte, em 8 de outubro de1920, estado onde
viveu e cursou os hoje chamados ensinos fundamental e médio. Sentindo-se
chamado ao sacerdócio, em 1936 pede ingresso no Seminário Menor de São
Pedro, sendo, no ano seguinte enviado para o Seminário Maior da Prainha
em Fortaleza, Ceará, onde estudará filosofia e teologia, aí passando 7
anos. Dom Eugenio sempre falou com carinho do Seminário da Prainha; além
disso, nunca esqueceu de ter sido “seminarista hóspede”, já que
pertencia à Diocese de Natal, como Arcebispo do Rio de Janeiro favoreceu a formação de um grande número de sacerdotes de todo o Brasil.
Ordenado
sacerdote em 21 de novembro de 1943, desenvolveu várias atividades
pastorais, destacando-se pelo pioneirismo na ação social, valorizando a
participação dos leigos que viam nele uma liderança natural. O jovem que
queria ser engenheiro agrônomo, nunca se esqueceu o campo e seus
problemas, fundou em 1949 o Serviço de Assistência Rural, formando
equipes que trabalhavam tanto na área social quanto formação religiosa,
buscando a melhoria de integral do homem do campo, cujo progresso
incluirá uma melhor compreensão de sua dignidade e dos direitos que daí
derivarão. Desse trabalho pastoral surgirão ascomunidades eclesiais de
base, fruto também das Escolas Radiofônicas.
Em
1954, Pio XII o nomeia bispo-auxiliar de Natal, sendo ordenado aos 15
de agosto deste ano, solenidade da Assunção de Nossa Senhora, por Dom
José de Medeiros Delgado. Feito bispo, sua atividade se multiplica
naquilo se costuma denominar Movimento de Natal, um formidável conjunto
de iniciativas, em grande parte bem sucedidas, de promoção humana em
todas as suas dimensões.
Em
1964 é nomeado Administrador Apostólico da Arquidiocese de Salvador,
deixando seu querido Rio Grande do Norte – a vida inteira se reconhecerá
nordestino –, 4 anos depois (1968) se tornará Arcebispo-Primaz do
Brasil, posição que deixará, caso raro, para assumir esta Arquidiocese
de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1971, já como Cardeal do Título
Presbiteral de São Gregório VII, para o qual fora nomeado por Paulo VI
em 1969. A Dom Eugenio custava deixar Salvador, como foi difícil deixar
Natal, mas, como dizia, estava sempre pronto para obedecer, e “obedecer
com alegria” a voz do Sucessor de Pedro. Aliás, este foi um dos aspectos
mais belos de sua personalidade: a fidelidade irrestrita ao Papa. O
Cardeal tinha autêntica devoção ao Sumo Pontífice e foi universalmente
reconhecido por isso. Amigo pessoal de Paulo VI, João Paulo II e Bento
XVI, sempre ouvimos de sua boca a convicção: seguir o Papa em suas
mínimas orientações, pois é o melhor para a Igreja, para a diocese, para
cada católico. Nesta defesa nunca temeu ser impopular.
Seu
destemor mostrou-se também por ocasião da defesa dos perseguidos
políticos. O Cardeal Sales, silenciosamente, como ele mesmo gostava de
dizer, protegeu os presos políticos, ajudou-os materialmente e foi a sua
voz junto às autoridades de então, e sempre foi ouvido pelo respeito de
suas posições claras, não se comprometendo nem com os detentores do
poder e nem com a luta armada. Muitos conhecemos histórias, vimos fotos
da proteção e asilo dadas a perseguidos não só a nacionais, mas também
dos países vizinhos. Socorreu, protegeu pessoas cujas posições
ideológicas estavam, por vezes, em nítido contraste com a fé católica;
mas, para Dom Eugenio, sua ação não poderia ser diferente, impulsionado
pelo cumprimento simples e objetivo da moral católica que diferencia o
pecado do pecador.
Muitas
ações de Dom Eugenio foram consideradas fundamentais na vida da cidade
do Rio de Janeiro, como foi o caso da Favela do Vidigal, cujos moradores
não foram removidos graças à sua intervenção através da Pastoral das
Favelas; a Pastoral do Menor, ambulatórios e abrigos para carentes,
aidéticos… segundo a necessidade se apresentava. Enfim, uma ampla e
silenciosa rede de assistência aos mais pobres que foi idealizada,
levada a efeito e protegida por Dom Eugenio em seu longo governo de 30
anos em nossa Arquidiocese. Sem hostilizar os ricos, na ação social
priorizava os mais pobres, tanto na assistência imediata, quanto na
promoção social; não esquecendo de, serenamente, refletir sobre as
causas da pobreza, denunciando-as, despidas de ideologias, em programas
de rádio e televisão, em artigos em vários jornais que manteve enquanto a
saúde lhe permitiu.
A
vida do Sacerdote, Bispo e Cardeal Dom Eugenio de Araujo Sales bem pode
ser sintetizada pelo lema episcopal que escolheu: Impendam et
superimpendar. O texto é tirado de 2Cor 12,15: "Quanto a mim, de bom
grado despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso favor. Será
que, dedicando-vos mais amor, serei, por isto, menos amado?" Talvez não
tenha sido por todos compreendido, sobretudo por quem dele tem um olhar
superficial, mas não será esquecido nesta Arquidiocese e por tantos que
sempre o chamarão de pai".
____________
BENTO XVI MANIFESTA SUA TRISTEZA COM A MORTE DO CARDEAL DOM EUGÊNIO SALES
Telegrama enviado ao Arcebispo do Rio, Dom Orani
CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 10 julho de 2012 (ZENIT.org)
- Bento XVI manifestou a sua profunda tristeza com a morte do Cardeal
Eugênio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio, através de telegrama
enviado a Dom Orani Tempesta.
Exmo Revmo Dom Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro
Recebida a triste notícia do falecimento do venerado Cardeal Eugênio de
Araújo Sales, depois de uma longa vida de dedicação à Igreja no Brasil,
venho exprimir meus pêsames a si e aos bispos auxiliares, ao clero e
comunidades religiosas, e aos fiéis da Arquidiocese de São Sebastião do
Rio de Janeiro, que por três décadas teve nele um intrépido pastor,
revelando-se autêntica testemunha do evangelho no meio do seu povo. Dou graças ao Senhor por ter dado à Igreja tão generoso pastor
que, nos seus quase setenta anos de sacerdócio e cinquenta e oito de
episcopado, procurou apontar a todos a senda da verdade na caridade e do
serviço à comunidade, em permanente atenção pelos mais desfavorecidos,
na fidelidade ao seu lema episcopal: “impendam et superimpendar”
(gastarei e gastar-me-ei por inteiro por vós). Enquanto elevo fervorosas
preces para que Deus acolha na sua felicidade eterna este seu servo bom
e fiel, envio a essa comunidade arquidiocesana, que lamenta perda dessa
admirada figura, à Igreja no Brasil, que nele sempre teve um seguro
ponto de referência e de fidelidade à Sé Apostólica, e a quantos tomam
parte nos sufrágios animados pela esperança da ressurreição, uma
confortadora bênção apostólica.
quarta-feira, 20 de junho de 2012
“Mais uma vez a questão do aborto”
Texto retirado do Blogger de Sua Excelência Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracaju
Uma esclarecedora nota pastoral - I
Caro Irmão Internauta, transcrevo
a Nota Pastoral de Dom Keller, Bispo de Frederico Westphalen e exprimo
meu apoio ao que ele escreveu. Como cristãos e como cidadãos
brasileiros, temos o dever de tomar posição e agir diante de tão grave
questão!
DOM ANTONIO CARLOS ROSSI KELLER
PELA GRAÇA DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
BISPO DE FREDERICO WESTPHALEN (RS)
Nota Pastoral
“Mais uma vez a questão do aborto”
“Aquele,
portanto, que violar um só desses menores mandamentos e ensinar os
homens a fazerem o mesmo, será chamado o menor no Reino dos Céus.
Aquele, porém, que os praticar e os ensinar, esse será chamado grande no
Reino dos Céus.” (São Mateus 5,19)
Caros Diocesanos de Frederico Westphalen, irmãos e irmãs que compreendem o valor da vida humana.
Mais
uma vez o Bispo Diocesano sente-se no dever, derivado de seu Ministério
Episcopal, de vir a público e manifestar-se em relação ao tema do
aborto. Mais especificamente, às veladas e covardes ações levadas a
cabo por autoridades,
que deveriam zelar pela defesa da vida, mas que “na calada da noite”
estão empenhadas em implantar a prática do aborto em nossa Pátria,
passando por cima da vontade da grande maioria da população que é
contrária a esta prática.
Poucos
dias atrás, os jornais “Folha de São Paulo”, “O Estado de São Paulo” e
“Correio Brasiliense”, traziam, em suas primeiras páginas, notícias de
ações que visam, na prática a implantação do aborto no país.
Somente
a título de exemplo, para justificar esta preocupação em relação à
introdução velada da prática do aborto, cito, em primeiro lugar “A Folha
de São Paulo”. Em reportagem de capa afirmava que, segundo o secretário
de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães: O
SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO PASSARÁ A ACOLHER AS MULHERES QUE DESEJAM
FAZER ABORTO E ORIENTÁ-LAS SOBRE COMO USAR CORRETAMENTE OS MÉTODOS
EXISTENTES PARA ABORTAR. CENTROS DE ACONSELHAMENTO INDICARÃO QUAIS SÃO,
EM CADA CASO, OS MÉTODOS ABORTIVOS MAIS SEGUROS DO QUE OUTROS.
A Folha afirmava ainda que o modelo será copiado do Uruguai, que o adota desde o ano de 2004.
A
PROPOSTA, diz a FOLHA, FOI ABORDADA NA ÚLTIMA SEMANA DE MAIO PELA
MINISTRA ELEONORA MENICUCCI, QUE AFIRMOU 'SOMENTE SER CRIME PRATICAR O
PRÓPRIO ABORTO, MAS QUE O GOVERNO ENTENDE QUE NÃO É CRIME ORIENTAR UMA
MULHER SOBRE COMO PRATICAR O ABORTO'.
Depois
de orientada sobre como praticar o aborto, uma vez consumado o delito, a
mulher passaria por uma nova consulta para evitar maiores conseqüências
pós aborto. Ainda segundo a Folha, PARA OS QUE DESENVOLVERAM A POLÍTICA, ELA NÃO SÓ É UMA ATITUDE LEGAL, COMO É ÉTICA E DE DIREITO HUMANO BÁSICO.
É
preciso recordar que a matéria veiculada pela “Folha de São Paulo” traz
dados inverídicos em relação aos números do aborto do Brasil. A “Folha”
acolhe os números do governo, que afirma que há mais de um milhão de
abortos por ano, no Brasil. Os números reais são bem outros. Hoje, no
Brasil, acontecem cerca de cem mil abortos por ano, e este número está
diminuindo pouco a pouco. Isto é o que pode se concluir dos próprios
dados do Ministério da Saúde, que mostram que o número de internações
por aborto no Brasil, nos últimos quatro anos, está diminuindo à taxa de
12% ao ano, todos os anos. Na matéria veiculada pelo jornal paulistano,
não são apresentados os números reais, por exemplo, das internações por
razões de aborto. Ao afirmar que são cerca de duzentas mil as
internações por causa do aborto, o jornal não leva em consideração que
destas duzentas mil, cerca de cinquenta mil são por causa do aborto
provocado. As outras cento e cinquenta mil são devidas ao aborto
espontâneo. Ou seja, há um propósito do governo, secundado pela “Folha
de São Paulo” em inflar os números do aborto...
Há
uma “Pesquisa Nacional do Aborto”, levada a cabo pela Universidade de
Brasília em conjunto com a ANIS, que revela números mais reais: No
Brasil, de cada duas mulheres que provocam o aborto, uma é internada.
Portanto, se há cinquenta mil internações por ano por aborto provocado,
isto significa que são realizados cem mil abortos por ano e não o milhão
e meio de abortos provocados, números estes anunciados pelas
autoridades.
A
realidade mostra não só que os números dos que são contrários ao aborto,
entre a população brasileira, estão aumentando. Mas que também as
brasileiras estão abortando cada vez menos, no Brasil. Esta é a
realidade dos números.
A
Matéria de “O Estado de São Paulo”, por sua vez, trata da elaboração,
por parte do Ministério da Saúde e de um “grupo de especialistas” de uma
“cartilha” que tem como finalidade orientar as mulheres que desejam
abortar. “A INTENÇÃO É FECHARMOS O
MATERIAL DE ORIENTAÇÃO EM, NO MÁXIMO, UM MÊS", AFIRMOU O COORDENADOR DO
GRUPO DE ESTUDOS SOBRE O ABORTO DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO
DA CIÊNCIA (SBPC), THOMAZ GOLLOP. O FORMATO FINAL DO PROGRAMA SERÁ
DEFINIDO PELO MINISTÉRIO. A CARTILHA CONTERIA, POR EXEMPLO, INFORMAÇÕES
PARA MULHER ESCOLHER O LUGAR DO PROCEDIMENTO".
Já o
“Correio Brasiliense” noticiava que ao longo do mês de junho uma
comissão de trabalho se reunirá com os técnicos do Ministério da Saúde
para formular uma norma técnica que servirá de base para um programa de
aconselhamento para mulheres com gravidez indesejada. Além disso, o
Correio informa que o Ministério da Saúde tem a intenção de liberar a
venda de remédios abortivos, hoje de uso reservado à rede hospitalar.
Desta maneira, os médicos poderão orientar as mulheres sobre como
praticar o aborto seguro e os medicamentos necessários estarão nas
farmácias amplamente disponíveis para o público.
Interessante
que no decorrer de poucos dias, aparece como que uma onda gigantesca em
setores do atual governo a favor, em última instância, do aborto,
veiculada por grandes e importantes jornais do país.
Muito
mais interessante e importante, seria recordar o compromisso que a
atual presidente da República assinou, no dia 16 de outubro de 2010,
durante a campanha eleitoral, declarando que: "SOU
PESSOALMENTE CONTRA O ABORTO E DEFENDO A MANUTENÇÃO DA LEGISLAÇÃO ATUAL
SOBRE O ASSUNTO. ELEITA PRESIDENTE DA REPÚBLICA, NÃO TOMAREI A
INICIATIVA DE PROPOR ALTERAÇÕES DE PONTOS QUE TRATEM DA LEGISLAÇÃO DO
ABORTO E DE OUTROS TEMAS CONCERNENTES À FAMÍLIA E À LIVRE EXPRESSÃO DE
QUALQUER RELIGIÃO NO PAÍS. [...] COM ESTES ESCLARECIMENTOS, ESPERO
CONTAR COM VOCÊ PARA DETER A SÓRDIDA CAMPANHA DE CALÚNIAS CONTRA MIM
ORQUESTRADA".
Assim,
apesar de todas as negativas e desculpas, o que se vê, concretamente, é
um encaminhamento por baixo dos panos de medidas que visam pura e
simplesmente, a prática livre do aborto, já que o grupo que está
elaborando, junto com o Ministério da Saúde a nova Norma Técnica que
pretende criar em todo o país centros de orientação sobre o aborto,
liberalizar a venda de drogas abortivas na rede nacional de farmácias e
difundir uma cartilha que ensine as mulheres como e onde praticarem o
aborto é exatamente o mesmo Grupo de Estudos sobre o Aborto, coordenado
pelo mesmo médico Thomas Gollop, cujo convênio com o Ministério da Saúde
estava sendo contratado pelo governo enquanto a atual presidente, na
época candidata garantia que jamais promoveria o aborto no Brasil.
Ou
seja, hoje, em nossa Pátria está acontecendo na prática um verdadeiro
ataque que visa obter à revelia da atual legislação e da imensa maioria
do povo brasileiro, a pura e simples liberalização do aborto. Há anos
nosso país vem sendo alvo destes ataques, já que há muito dinheiro
investido por organizações estrangeiras para obter, por razões
ideológicas e de cunho geopolítico, a pura e simples liberalização do
aborto no Brasil e demais países da América Latina.
É
preciso reagir a esta sanha abortista, que navega de velas soltas,
alimentada por interesses desumanos, e que contraria o desejo da imensa
maioria do povo brasileiro. Calar-se, fingir que o problema não existe e
desvincular-se de uma ação de reação a esta sanha, é covardia e traição
aos princípios mais elementares da fé cristã que professamos.
Escrevo
esta “Nota Pastoral” ainda sob o efeito da tristeza pelo falecimento de
Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, Bispo Emérito de Guarulhos (SP), um digno e
combativo Bispo da Santa Igreja Católica, que enfrentou com coragem e
destemor até mesmo perseguições e calúnias, por sua intransigente defesa
da vida.
Há dias, do leito do hospital, Dom Bergonzini escrevia: “Se
Ele determinar que eu continue por aqui, todos daremos as mãos e
seguraremos nas mãos de Deus para, juntos, combatermos as iniquidades e
propagarmos o Evangelho por todos os telhados... e por todos os meios
existentes”.
Deus
determinou outra coisa, e este seu servo certamente já goza da visão
beatífica. Sua dedicação em defesa da vida deve servir-nos de alento
neste combate exigente.
Sabedores
de que o aborto é um pecado gravíssimo contra Deus e contra a
humanidade, venho apresentar algumas indicações práticas, no sentido de
que se busque reagir contra esta imposição por parte das autoridades que
deveriam cuidar e promover a vida. É preciso frear estes ataques à vida
humana. Tais indicações são oferecidas pela Comissão de Defesa da Vida,
do regional Sul 1 da CNBB (São Paulo) e enquadram-se no direito que
todos nós, católicos temos, como cidadãos deste país, em nos manifestar.
1. Telefonar, enviar fax e mensagens ao Ministério da Saúde e à Casa Civil da Presidência,
mostrando com clareza, ao Ministério da Saúde e à Casa Civil da
Presidência que o povo brasileiro compreende exatamente o que nosso
governo está fazendo e não está de acordo com a implantação do aborto no
país.
2. Pedir em seguida (e isto é importante, já que são aqueles que estão à frente destas ações de violência à vida):
(A) A DEMISSÃO IMEDIATA DA MINISTRA ELEONORA MENICUCCI DA SECRETARIA DAS MULHERES.
(B) A DEMISSÃO IMEDIATA DO SECRETÁRIO DE ATENÇÃO À SAÚDE DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, HELVÉCIO MAGALHÃES.
(C) O ROMPIMENTO IMEDIATO DOS CONVÊNIOS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE COM O GRUPO DE ESTUDO E PESQUISA SOBRE O ABORTO NO BRASIL.
Os contatos para estas manifestações são os seguintes:
- CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA: GLEISI HELENA HOFFMANN, MINISTRA-CHEFE DA CASA CIVIL
TELEFONES: (61) 3411-1573, 3411-1935, 3411-5866, 3411-1034
FAX: (61) 3321-1461, 3322-3850
MAILS: casacivil@presidencia.gov.br
- MINISTÉRIO DA SAÚDE: ALEXANDRE PADILHA , MINISTRO DA SAÚDE
TELEFONES: (61) 3315-2392, (61)3315-2393, (61) 3315-2788, (61) 3315-9260, (61) 3315-9262
FAXES: (61) 3224-8747, (61) 3315-2680, (61) 3315-2816
MAILS: ministro@saude.gov.br
- SECRETÁRIO DE ATENÇÃO À SAÚDE: HELVÉCIO MIRANDA MAGALHÃES
TELEFONES: (61) 3315-2626 3315-2133
FAX: (61) 3225-0054
MAIL: helvecio.junior@saude.gov.br
Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, abençoe nossa Pátria e nos livre da praga do Aborto.
Frederico Westphalen, 13 de junho de 2012.
Festa Litúrgica de Santo Antonio
Padroeiro da Catedral Diocesana
+ Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen
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