sábado, 25 de agosto de 2012

ARQUITETURA E ICONOGRAFIA DA IGREJA SENHOR DOS PASSOS



           A arquitetura da Igreja dos Passos de São Cristóvão é característica do modelo das igrejas coloniais da Ordem Terceira do Carmo, devotadas aos Sete Passos da Paixão de Cristo. Essas igrejas são formadas por sete altares – o altar-mor e seis altares laterais – cada um abrigando uma das sete esculturas em tamanho natural, que retratam o martírio e a morte de Cristo. Também essas igrejas se caracterizam pelas pinturas de teto em caixotes, dedicadas a Santa Teresa d’Ávila, patrona da referida ordem secular, como referiu Frei Francisco de Salles, O. Carm (informação verbal)[1].

 Fonte: Lucia Maria Pereira, 2010.
[1] Informação obtida através de conversas com Frei Francisco de Salles, O. Carm, durante o processo de restauração da Igreja de Senhor dos Passos em 2009.    


O voto e o ex-voto


        O voto e o ex-voto são práticas universais cujas raízes se perdem no tempo, desde as figurinhas mágicas do Paleolítico Superior às quais o homem daquela época atribuía relação com rituais de fertilidade, subsistiram até o Neolítico, integrando-se aos rituais agrários relacionados com os solstícios e foram praticados entre sumerianos, acadeanos, assírios, púnicos, egípcios, gregos e romanos.
        Os fenícios, povos navegadores, foram vetores da difusão e transculturação dessa mitologia oriental. No período da expansão greco-romana, esses cultos difundem-se pela Grécia, Itália, Bretânia [sic] e todo o Ocidente.
        Tendo como ideia básica a invocação dirigida à terra-mãe, muitos crentes depositaram peças votivas nos templos de Diana, Apolo e Asclépio. Asclépio[1] – deus grego da medicina – filho de Apolo com a mortal Coronis. Ainda recém-nascido é entregue aos cuidados do centauro Quirion, que o instrui na arte de curar, pois é profundo conhecedor das plantas medicinais. Torna-se grande perito da prática médica, capaz até de ressuscitar os mortos. Isso desperta a ira de Plutão, deus do inferno, que pede a Zeus que o mate. Zeus o atinge com um raio fulminante, deixando triste Apolo. Para acalmá-lo, Zeus deposita no céu do Olimpo os restos mortais de Asclépio, transformando-o numa constelação – o Serpentuário. Asclépio, morto, passa a ser representado por um ancião, portando um bastão de andarilho no qual está enrolada uma serpente, símbolo da adivinhação e auxiliar de todas as divindades médicas. Na Grécia, são erguidos templos dedicados a Asclépio para onde se dirigiam doentes em busca de uma cura milagrosa para seus males.
        Tão importantes eram os deuses vinculados a cultos agrários ao se relacionarem “com a preservação da vida ameaçada por doenças ou morte que o juramento atribuído a Hipócrates [médico grego criador da teoria humoral], invoca Apolo – deus solar e oracular – para testemunhá-lo”  (SILVA,1981)[2].                              

       



[1] Cf. MIRANDA, Carlos Alberto Cunha. A Arte de Curar nos tempos da Colônia – limites e espaços da cura. Recife: Ed. UFPE, 2011, p. 25-26.      
[2] Cf. SILVA, Maria Augusta Machado da. Ex-votos e orantes no Brasil. Leitura museológica. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 1981, p. 24 (Coleção Estudos e documentos).

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