Vocação: onde Deus o chama?
Fala-se de vocação em vários segmentos do mundo contemporâneo,
para designar a profissão que as pessoas desejam trilhar, por exemplo:
ser médico, administrador, psicólogo etc. E também a opção vocacional
escolhida por elas; entre outras destacamos: o casamento, o sacerdócio, a
vida religiosa, a vida laical etc. Mas afinal o que é vocação? Quais as
dimensões vocacionais que encontramos em nossa Igreja? A proposta da
nossa reflexão é exatamente esta: tentar responder a essas duas
proposições. Vejamos.
Primeiramente devemos partir da origem etimológica da palavra em
questão. Lembremos que no nosso caso é vocação. Assim devemos destacar
que a origem dessa é latina e provém do verbo vocare = chamar, daí
origina-se o substantivo latino vocatio, que significa: vocação,
chamado. No popular dicionário Aurélio da língua portuguesa, encontramos
algumas definições: ato de chamar, escolha ou predestinação, tendência e
talento ou aptidão. Consideremos a opção latina vocatio, visto ser mais
pertinente para nossa reflexão.
Antes de iniciarmos a reflexão para tentarmos responder a segunda
pergunta da nossa proposta inicial, cremos que seja oportuno trazer à
tona as palavras de Amedeo Cencini: “a vocação autêntica nasce no
terreno fecundo da gratidão, pois vocação é uma resposta, não é uma
iniciativa do indivíduo” (Redescobrindo o Mistério, p.51).
Sendo assim, podemos apontar que, dentro da Igreja, a vocação pode
ser entendida em três dimensões: a Humana, a Cristã e a Específica. A
dimensão humana é a vocação que recebemos gratuitamente de Deus, ou
seja, o homem é primeiramente chamado à existência, para assim
desenvolver a dignidade humana. Essa dimensão é fundamental, pois sem
desenvolvê-la é impossível sermos cristãos. Desse modo, devemos
desenvolver todas as potencialidades que foram concedidas por Deus, em
prol do semelhante, e conseqüentemente de uma sociedade mais justa e
fraterna.
Já a dimensão cristã compreende todos os batizados; nessa fase o
chamado é para que sigamos a Jesus Cristo, e assim imitá-lo e sermos
como Ele. A vocação cristã independe da opção vocacional de cada
indivíduo, pois ela deve vir antes de qualquer escolha. Assim ninguém
pode ser padre, por exemplo, se não for cristão. O autêntico cristão
deve fazer a experiência do Cristo Vivo e Ressuscitado, dar testemunho
d’Ele e também assumir os valores do Evangelho. Logo, todo batizado que
se torna filho de Deus, deve assumir essa filiação, procurando imitar a
Jesus em tudo.
A última dimensão desta reflexão será a específica, que são aquelas
que caracterizam o estado de vida de uma pessoa. Entre outras apontamos:
a vocação laical, que é vivida pelos leigos; o Catecismo da Igreja
Católica define esses como sendo: “todos os cristãos, exceto os membros
das Sagradas Ordens ou do estado religioso reconhecido na Igreja, isto
é, os fiéis que, incorporados a Cristo pelo Batismo, constituídos em
Povo de Deus e a seu modo feitos participantes da função sacerdotal,
profética e régia de Cristo, exercem, em seu âmbito, a missão de todo o
povo cristão na Igreja e no mundo”. (n. 897). Ela tem várias
subdivisões, como a do matrimônio, do leigo consagrado, do solteiro.
Temos ainda as vocações dos ministérios ordenados, que são os fiéis que
recebem o Sacramento da Ordem. Elas se subdividem em três graus:
diaconato, presbiterato e episcopado. Há também a vida consagrada, que
consiste em homens e mulheres que se consagram a Deus através de uma
Congregação, observando os votos de castidade, pobreza e obediência,
procurando viver o carisma de um fundador, como os beneditinos, por
exemplo, seguem o carisma de São Bento. Por fim, há a vocação
missionária, que é o chamado àquele cristão que vai a uma terra
distante, com o objetivo de levar o Evangelho de Jesus a outros povos e
nações (cf. Mc 6, 6b-13), entretanto, tanto o padre, quanto o consagrado
ou o leigo podem participar dessa vocação.
Por fim, cremos que, no decorrer desta reflexão, conseguimos
responder de maneira singela as nossas proposições iniciais. Permitam-me
concluir com as palavras do nosso Arcebispo, Dom José Palmeira Lessa,
sobre a temática da vocação: “o importante na vida é ser discípulo de
Jesus, ser santo seguindo-O e servindo à Igreja na vocação que Deus nos
quer presentear, isto é, onde Ele nos chama” (Pequena Via, n. 484).
Terminada a nossa ponderação, resta perguntar-lhe: Onde Deus o chama?
Você já parou para ouvir a Sua voz? A decisão é sua! Pax Domini!
Por Seminarista Anderson Gomes da Silva
Graduando do 5º período de Filosofia do Seminário Maior Nossa Srª da Conceição.
Graduando do 8° período de Administração da Faculdade Amadeus.
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