Seminarista Bruno Igor Cavalcante
3º ano de Teologia
A expressão “Filha de Sião” é comum no Antigo Testamento. Há, por exemplo, os chamados Cânticos de Sião
(cf. Sl 46; 48; 76). Sião pode significar tanto Israel quanto a cidade
de Jerusalém. Essa expressão vem, algumas vezes, acompanhada de outra: “alegra-te”,
saudação jubilosa presente nos oráculos messiânicos de alguns profetas
(cf. Zc 2,14-15; 9,9-10; Jl 2,21.27; Sf 3,14-17). Como todo crente em
Israel, a Filha de Sião esperava a salvação, esperava o momento da
libertação, esperava o cumprimento das promessas. Ela sabia que, apesar
das infidelidades do povo, Deus permanece fiel.
Aplicada à Maria, a expressão “Filha de Sião” adquire um
significado mais profundo: de fato, como Filha de Sião, Maria também
esperava a salvação, também esperava o Messias. Ela sabia muito bem que
Deus não falharia na sua promessa: “Pois sabei que o Senhor mesmo
vos dará um sinal: Eis que a jovem está grávida e dará à luz um filho e
dar-lhe-á o nome de Emanuel” (Is 7,14; cf. Mt 1,23).
Evidentemente, Maria não esperava que fosse ela a escolhida para ser a
Mãe do Salvador da humanidade. Ela foi compreendendo o plano de Deus
pouco a pouco: na simplicidade de sua vida, na constância de sua fé.
Utilizando-se de duas expressões do Livro do Profeta Jeremias, pode-se
dizer que Maria é a “bela”, a “delicada” Filha de Sião (cf. 6,2). É a
mais ilustre Filha de Jerusalém, a personificação de Israel. Ela
representa o Povo da Aliança, carregando consigo toda a sua história –
de sofrimento e de grandeza. Em Maria, chega ao fim uma longa
expectativa. Com Israel, Maria pode, de fato, alegrar-se: “Exulta, alegra-te, Filha de Sião, porque eis que venho para morar em teu meio – oráculo do Senhor”
(Zc 2,14); “Rejubila, Filha de Sião, solta gritos de alegria, Israel!
Alegra-te e exulta de todo coração, Filha de Jerusalém” (Sf 3,14). Em
Maria, realiza-se plenamente a esperança dos pobres, dos oprimidos, dos
sofredores; como ela, essas pessoas também esperavam incansavelmente o
Messias, aquele que “exaltará os humildes” (cf. Lc 1,52; Jó 5,11).
Maria é uma mulher privilegiada.
A graça divina encontrou nela as disposições necessárias para a
realização da vontade de Deus. O coração de Maria procurava o Messias:
Maria não somente o encontrou, mas também o carregou no seu próprio
ventre. Ela acreditou, por isso é “bendita entre todas as mulheres” (cf.
Lc 1,42), por isso é a mais ilustre Filha de Sião.
Maria, por fim, “guardava” a Palavra de Deus no seu próprio coração (cf.
Lc 2,19; 2,51). No coração da Filha de Sião, essa Palavra encontrou
abertura. Isto que diz o Livro do Profeta Isaias se realizou plenamente
na Virgem Maria: “Como a chuva e a neve descem do céu e para lá não
voltam, sem terem regado a terra, tornando-a fecunda e fazendo-a
germinar, dando semente ao semeador e pão ao que come, tal ocorre com a
palavra que sai da minha boca: ela não volta a mim sem efeito; sem ter
cumprido o que eu quis e realizado o objetivo de sua missão” (55,10-11).
Verdadeiramente, a Palavra de Deus deu seu fruto na “terra” do coração
de Maria, a Mãe do Redentor; verdadeiramente, a Palavra de Deus realizou
o que tinha que realizar: A Palavra se torna homem!
A Palavra que, por natureza, é eficaz e poderosa, encontrou um coração
capaz de acolhê-la na sua totalidade: o coração de Maria, a Filha de
Sião!
Gostei do texto, pois Sucinto e bem explicado. Parabéns!
ResponderExcluirObrigada!