quinta-feira, 10 de maio de 2012

As aparições da Virgem - Maria e sua relação com os acontecimentos mundiais


Ana Lúcia Vasconcelos
www.saldaterraluzdomundo.net

Introdução

No inicio do ano de 2001 comecei a escrever este texto que pretende ser um livro, mas que formatei como matérias de quarenta, quarenta e cinco linhas para serem publicadas em jornais e revistas, e sites, sobre diversas manifestações de Nossa Senhora -sejam aparições ou sinais em imagens ou ícones- em vários momentos da história da cristandade: desde a primeira, ocorrida quando a Virgem ainda vivia (fenômeno conhecido como bilocação), passando por todas suas manifestações ao longo desses dois mil anos. Estou me alongando especialmente nas manifestações de Nossa Senhora ocorridas nos dois últimos séculos: XIX e XX, que são as mais próximas de nós, como as aparições à Santa Catarina Labouré em Paris em 1830, a de La Salette em 1846, a de Lourdes em 1858, na França, a de Fátima, em Portugal, em 1917, a de Medjugorje na ex-Iugoslávia, que começou em 1981 e persiste até hoje, sendo mesmo as mais importantes da história das aparições e segundo a própria Virgem, as últimas para a humanidade.
Segundo os especialistas no assunto, há hoje cerca de 800 aparições em todo o planeta e perto de 2500 sites na Internet que abordam esse assunto. Só para registrar a importância do evento.
Ligação com
os acontecimentos
Para os céticos gostaria de lembrar ou esclarecer que as aparições estão intimamente ligadas aos acontecimentos planetários, não são fenômenos isolados, coisas de beatos, ou de fanáticos, ou de visionários loucos, como muitos poderiam pensar, mas eventos relacionados com momentos importantes da história da humanidade.
Só para lembrar algumas mais recentes: segundo Fulton Sheen, que foi bispo auxiliar de Nova York há algumas décadas, (conforme citação do padre Valério Alberton, SJ no seu A Virgem Maria nas Aparições de Medjugorje-Edições Loyola, 1986, São Paulo), há uma ligação entre as aparições de Lourdes, na França em 1858 e a de Fátima, em 1917 em Portugal. Fulton Sheen considera mesmo o ano de 1858 como sendo aquele que inicia o mundo moderno, como antítese do mundo cristão.
Isso porque neste ano John Stuart Mill escreve seu Ensaio Sobre a Liberdade, no qual identificava o abuso e a ausência das responsabilidades sociais, gerando o capitalismo, pai do comunismo, que Nossa Senhora vai lembrar em 1917. Ainda em 1858, ele continua, Darwin publica o seu: Origem das Espécies, em que “desviando a atenção do homem do seu eterno destino, o faz olhar só para um passado animal”.
E neste mesmo ano conforme anota Sheen, Richard Wagner escreve as suas obras em que fazia reviver o mito da superioridade da raça teutônica que originou o nazismo e a maior hecatombe da história da humanidade: a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). E finalmente em 1858, Karl Marx, ideólogo do comunismo juntamente com Friedrich Engels escreve a sua Introdução à Crítica da Economia Política, que considera a economia como fonte da vida e da cultura.
Segundo Fulton Sheen, desses quatro homens nascem as idéias que vão dominar o mundo durante quase um século: a idéia que o homem não é de origem divina, mas animal, a sua liberdade é abuso e ausência de autoridade e de lei, que privado do espírito, ele é parte integrante da matéria do cosmos e que portanto não tem necessidade de religião. E não só essas duas, têm ligações com os acontecimentos mais importantes das sociedades humanas, mas muitas outras, conforme se verá na seqüência deste trabalho: a Virgem aparece em momentos graves da história da humanidade ou na história de crianças, jovens simples ou não, para padres, papas, reis, mas sempre com uma coisa em comum - pedindo a conversão daquela comunidade, cidade, país, enfim transformando a vida daquelas pessoas radicalmente, no sentido de conversão para Deus.
Minha experiência
com a Virgem
Mas para começar vou falar da minha própria experiência com a Virgem, que me conduziu numa tarde cinzenta e fria de São Paulo, à igreja de Nossa Senhora do Paraíso (eu morava no bairro do Paraíso nesta época) para conferir uma informação que eu havia obtido no Jornal da Tarde: que lá havia, como no Mosteiro de São Bento e outros lugares da cidade que agora não me lembro canto gregoriano. Como sempre quis estudar canto gregoriano, guardei o recorte e depois de alguns meses talvez, resolvi ir à igreja que ficava até perto de casa, onde, na verdade começou a minha vivencia com a Virgem Maria e continua até hoje com novas e maravilhosas revelações e sinais, e muita provação.
A história vale a pena ser contada para que você leitor, descrente, crente ou indiferente constatar como funcionam as coisas de Deus, o modo como Ele age nas nossas vidas e as transforma radicalmente. Pois então eu entro na Igreja Nossa Senhora do Paraíso nesta tarde fria e cinzenta, aliás, tipicamente paulistana, e eu estava encapotada com roupas da Ellus, e isso, não para dizer que eu me vestia com roupas de grifes digamos famosas, falo só para acentuar o que vem depois.
Devo dizer ainda que eu estava a esta altura mantendo um relacionamento com um rapaz, nove anos mais novo que eu, há exatamente nove anos, sendo que já estava separada do meu marido há mais de doze anos e tinha dois filhos: Maximiliano e Marina, sendo que a menina estava morando com o pai em Campinas e o Max estava comigo em São Paulo. Mas naquela tarde ele devia estar em férias em Campinas e, portanto eu estava sozinha e para agravar a situação o meu relacionamento com o namorado ia de mal a pior e, portanto eu estava bem estranha naquela tarde, angustiada, enfim por dentro eu também estava nublada, como o dia.
Plena penumbra
Eis que entro na igreja que é, quem conhece pode confirmar meio escura, só iluminada com luzes baixas e, portanto me vejo em plena penumbra. Mal entrei, vejo sair da penumbra uma senhora que me pergunta se eu sabia onde era o toalete. Eu respondi que não sabia por que era a primeira vez que entrava naquela igreja, mas que estava indo a sacristia – eu me lembrava que igrejas têm sacristia, pedir uma informação e se ela quisesse podia ir comigo e então ficaríamos sabendo
Fomos, portanto nós duas para a porta lateral que dava para o interior e entramos. Eis que surge na nossa frente um - não um padre, mas um bispo da igreja que é de ritual melquita, ou seja, ela é cristã ortodoxa e os freqüentadores são em sua maioria de origem sírio libanesa, enfim a colônia árabe de São Paulo.Cumprimentei o bispo (até então não sabia que ele era um) e disse que precisava saber duas coisas: primeiro sobre o canto gregoriano, que eu havia lido no jornal que lá havia e se eu podia participar se havia alguma espécie de curso, ensaios, etc. E a segunda, onde era o toalete. Ele indicou e a senhora se foi. E para mim ele fez um gesto, que hoje eu vejo que foi profético. Levantou as duas mãos para o alto e disse: “mas a senhora vai mudar completamente a sua vida, canto gregoriano é maravilhoso. Mas não temos ninguém para dar cursos, aulas, todos são muito ocupados. Mas é simples-a senhora vem na missa das 10 h da manhã dos domingos, vai lá no Coro e canta. É em grego e árabe”.
Imaginem a minha cara de decepção: grego e árabe? Mas eu não sei nenhuma desses idiomas. Ele nem se abalou: “é fácil, a senhora aprende logo”. Eu então me despedi decidida a ir à missa no próximo domingo. Quando entrei novamente na igreja, um tanto pensativa, mas já mais animada, afinal mesmo que fosse em grego e árabe, quem sabe... Eis que vejo a senhora me esperando. Para falar a verdade eu me havia esquecido dela já, estava mergulhada, não mais na penumbra, mas na tarefa que tinha pela frente. Pensava como as coisas para mim não eram nada simples, apesar do bispo ter dito o contrário.
Revelação dos ministérios
Intercessão e libertação

Quando saio da sacristia pensando na coisa toda, que afinal não ia ser fácil aprender canto gregoriano vejo que a senhora estava me esperando para me agradecer e eu disse aquelas coisas: imagine agradecer o quê? Mas na verdade ela queria conversar e perguntou se eu tinha algum tempo que ela queria falar comigo. Eu disse que sim, e ali mesmo começou a tal mudança da minha vida, predita há minutos pelo bispo, articulada por Deus e com certeza Nossa Senhora, no caso Nossa Senhora do Paraíso. Começou a se revelar naquele dia dois dos meus ministérios (àquela altura eu nem sabia o que era isso) de intercessão e de libertação.
Sentamos então num banco-interessante que só havia nós duas na igreja e a senhora começou a me contar uma história tenebrosa. A esta altura parecia que eu comecei a viver num outro mundo, esqueci completamente os meus problemas e como eu sou atriz, me vi num filme. Mas vejamos a história: sua filha estava sendo escravizada por um homem procurado pela policia e a moça-bonita, mas segundo ela atualmente acabada, só podia encontrá-la na igreja que era onde o pessoal que a vigiava não desconfiava. Naquele dia era não fora, e por isso ela estava ali.
Estarrecida continuei ouvindo-o rapaz havia se apresentado bem vestido, sedutor e sua filha que já havia sido casada e tinha um filho-um garoto do primeiro casamento, ficou apaixonada. Só para terminar o rapaz começou a se revelar um bandido e já tinha conseguido tirar uma casa deles, e mantinha a moça morando com ele em pensões baratas, sempre fugindo e a torturava-apagava o cigarro nas pernas dela. E fazia toda espécie de ameaças. O filho, ela não podia levar para vê-la nesses encontros na igreja, porque eles eram tão ligados que ele temia o pior: ela não ia querer mais largá-lo e então ela temia as represálias do rapaz.
Ficamos ali cerca de meia hora ou mais, não me lembro porque de fato parece que entrei num outro tempo. Quando ela decidiu ir embora, porque constatou que a filha não viria mais, nós saímos da igreja, mas combinei com ela que no próximo encontro eu estaria lá. Combinamos o dia e a hora e eu disse ainda que ia articular um encontro com um advogado amigo para ajudar a resolver a questão. Fomos juntas pela rua e me despedi dela na entrada do metrô Paraíso e me lembro que a ultima coisa que ela me disse foi: eu meu marido estamos com medo de perder a nossa casa. Eu disse: vocês precisam sair de São Paulo.
Servos inúteis
Na semana seguinte, no dia marcado, eu fui à igreja e já tinha uma boa noticia para elas: um encontro na minha casa com o advogado. Encontrei-me, no entanto com uma moça que vagamente lembrava aquela bela jovem da foto. Ela estava com uma roupa, uma malha rala, pálida, mas me lembro que havia uma esperança nos seus olhos e uma vontade de sair daquela que me impressionou. E o dia era gélido e eu fiquei envergonhada de estar tão bem vestida.
Alguns dias depois elas foram à minha casa-não me lembro se ela foi ou se a mãe com outra pessoa para um encontro que articulei com este amigo advogado que combinou com elas um encontro na igreja São Judas Tadeu no domingo subseqüente, onde ele atendia de graça. Agora vejam este rapaz, amigo de uma amiga freqüentava minha casa e eu não sabia nada disso, siquer que ele era católico e etc.
Enfim, as coisas foram feitas eu continuei a minha vida, e comecei a freqüentar as missas da Nossa Senhora do Paraíso, ia ao Coro, mas não abria a boca porque não sou louca de cantar em línguas que não conheço ainda que ame as duas: grego e árabe ia a sacristia depois da missa tomar café árabe com o pessoal, enfim enturmei com a comunidade árabe de São Paulo radicada no Paraíso. Um dia, perguntei ao meu amigo o que havia acontecido com a moça e a senhora. Ele me disse: “Ah. Eu as tirei de São Paulo”. Nem preciso dizer que fiquei contentíssima.
E novamente sem saber nada sobre esta expressão muito usada pelos carismáticos-hoje sou um deles - “servos inúteis” eu pratiquei isso, porque na verdade as coisas são assim: você faz uma coisa pelo outro e não precisa nem receber um agradecimento porque na verdade fizemos apenas o que devia ser feito. Na seqüência a mudança da minha vida continuou, conforme o bispo havia predito e eu nem tinha começado a cantar gregoriano-até hoje não canto, mas um dia, vou cantar com certeza, nem que seja no paraíso.
Meu filho foi morar em Campinas com o pai e eu fiquei sozinha em São Paulo. Mas não sozinha apenas, coisa que até gosto e preciso, porque escrevo e preciso de silencio, me sentia completamente abandonada, não queria mais nada da vida, e isso tudo no auge da minha carreira jornalística, fazendo matérias de capa como free lancer, coisa que não é muito comum. Já naquela época eu escrevia em casa e só ia a redação levar as matérias-e naquele tempo não havia computadores ainda. Escrevia várias peças e vivia com poucos amigos, já numa semi-reclusão.
Era apenas o começo das dores conforme vocês vão ver depois. Meus filhos, no começo vinham para São Paulo aos fins de semana ou então eu ia para Campinas, mas na seqüência as visitas foram rareando – o pai casou novamente... Eles queriam voltar a morar comigo, mas não queriam voltar para São Paulo. Queriam que eu voltasse para Campinas e eu não podia, porque nessa minha cidade natal eu não conseguia emprego-ainda não consigo.
Parecia um pesadelo, um complô, eu não tinha amigos a quem recorrer sendo que na verdade sempre fui essa pessoa que ajudava, articulava para amigos e inclusive gente, que como vocês perceberam, eu nem conhecia. Enfim era uma coisa realmente terrível, eu querendo ficar com eles, eles querendo ficar comigo e alguma coisa impedindo. Como as coisas estavam neste pé, resolvi sair de São Paulo e pensei no Rio onde tenho uma amiga alemã, que estudou comigo no Colégio Coração de Jesus, no colegial e para quem fui uma espécie de irmã, enfim ela passava férias em casa - digamos que eu fui a família dela em Campinas enquanto ela fez o colegial.
Articuladas pelo Alto
Mas as coisas continuavam sendo articuladas pelo Alto, como eu falo brincando, porque a esta altura eu freqüentava a igreja do Paraíso onde havia (ele ainda está lá) um padre carismático, para falar a verdade o primeiro que rezou por mim em línguas - outra coisa que eu siquer suspeitava que existisse e até disse sorrindo: “foi a libertação mais rápida que eu vi na minha vida. E ainda: “não vai fazer uma matéria sobre isso porque eu já não venço atender as pessoas que vem me procurar... Imagine se sair no jornal.”
Eu disse que não ia escrever sobre isso, porque minha área era arte e cultura e nem imaginava quem poderia publicar sobre aquilo Agora eu posso falar quem ele é: padre Joaquim, que ficou sendo meu orientador espiritual, me recomendou comprar uma Bíblia que eu comecei a ler, e me indicava grupos de oração, encontros, etc. Bem, esta introdução é para dizer que quando eu disse que estava pensando em ir para o Rio ele me disse que na Igreja Nossa Senhora de Copacabana havia um grupo de oração muito bom.
Bom, vocês imaginam agora a minha surpresa quando esta amiga, que não me ligava há anos, com quem eu trocava só cartões de Natal- numa certa época trocamos correspondência intensa, mas àquela altura minha vida era tão intensa, que eu não me correspondia com mais ninguém- me localizou através da minha família em Campinas e me ligou em São Paulo, alguns dias depois dizendo que estava com vontade de vir passar uns dias lá. Eu disse: Vem lógico, mas você não vai acreditar-eu estou com vontade de ir passar uns tempos no Rio, mudar de ares, trabalhar aí, talvez. Ela então falou: então vem você, eu vou entrar em férias logo mais. Minha mãe tem uma casa na região dos Lagos, a gente pode passar uns tempos lá.
Pois a conclusão é que alguns dias depois eu estava indo para o Rio com algumas malas, livros, a Bíblia naturalmente e lá além da praia, e busca de trabalho, eu ia a missas em várias igrejas, aliás, naquelas maravilhosas igrejas do Rio. E comecei a freqüentar o Grupo de Oração da igreja Nossa Senhora de Copacabana, já que a minha amiga mora neste bairro. Isso aconteceu no verão de 1986, e no começo foi ótimo, eu me refiz do cansaço - há anos eu não tinha férias, enfim andava pelo Rio, revia monumentos e lugares, conhecia gente nova e ainda fiz algumas matérias para as revistas Fatos e Fotos e Ele e Ela da Editora Bloch, alem de outros trabalhos para uma Editora de Arte. Mas, já comecei a minha vida de semi-reclusão - saía lógico, ia à praia, escrevia matérias, mas ia não saía à noite com raras exceções e lia muito a Bíblia.
A ação te transformará


No Rio tive uma experiência impressionante: conheci um garoto negro, que vivia nas ruas de Copacabana como, aliás, muitos. Ele andava com um bando de homens mais velhos que ele, mas também jovens que viviam completamente bêbados e naturalmente pedindo esmolas para comer e principalmente para beber. Ele tinha uma ferida na perna devido provavelmente à bebida, e por isso estava sempre com uma atadura. A primeira vez que o vi eu voltava da feira perto da casa da minha amiga onde eu estava hospedada e ele me pediu dinheiro, comida não me lembro. Lembro-me de ter oferecido frutas que era a única coisa que eu tinha e disse que em seguida voltaria com alguma coisa. Ele disse que ficaria esperando. Acontece que quando subi para o apartamento tive uma crise de choro que durou mais de meia hora e eu não conseguia sair.
Quando finalmente consegui descer ele não estava mais lá e eu então comecei a procurá-lo: andei quadras, fui ao calçadão, fiquei sentada num banco de frente para o mar e continuava chorando e logicamente tentando disfarçar, e até que desisti da busca e voltei para o apartamento, mas de certa forma transformada, e como se purificada, não sei explicar.
Alguns dias depois andando novamente na calçada de uma das ruas paralelas a Avenida Atlântica, de repente vi o garoto na minha frente. Fiquei feliz como se tivesse encontrado meu melhor amigo ou amiga e o convidei para tomar um café. E entramos no primeiro bar que tinha café-nada de cafés paulistanos chiques, um mero café carioca. Mas ele ficou tão feliz que parecia que estávamos num restaurante cinco estrelas, porque afinal ele estava na sarjeta, camaradas e alguém o convidou para tomar café. E graças a Deus estávamos no Rio-porque ele estava com um short horrível e eu estava normal, bem vestida. Mas enfim estava no Rio e aí tudo pode: as pessoas me olharam vagamente, mas não deram a mínima. Se fosse em São Paulo... Enfim a coisa era realmente inusitada.
Só para resumir, fiquei amiga do garoto, e levava comida para ele, e dava dinheiro também, enfim ajudava, e até que um dia eu voltando de algum lugar passei por ele, aliás, pelo bando e ele estava todo inchado, o rosto completamente desfigurado. Ou seja, havia caído mais ainda-e lógico deduzi que havia levado uma surra de um daqueles do bando. Fiquei abaladissima e decidi fazer alguma coisa drástica, ainda que já o tivesse levado a um hospital certa vez para um curativo na sua perna que tinha uma ferida que não fechava, entre outras coisas. Mas ele me havia dado um telefone-segundo me disse, da sua prima, para o qual eu nunca havia ligado-francamente não acreditei.
Mas naquele momento fiquei tão completamente desesperada para ajudá-lo que disse mentalmente: Jesus, o que eu faço?E então ouvi uma voz interior nítida, clara, calma dizer: “Telefona para a prima dele”. Eu não pensei duas vezes - peguei o primeiro telefone público que havia ali e liguei-o numero sempre ficava na minha carteira. Fiquei abismada quando a pessoa do lado de la confirmou ter mesmo um primo que segundo ela soubera estava vivendo nas calçadas de Copacabana. Bem, resumindo a história, dei o endereço para ela do apartamento da minha amiga, e comecei a difícil jornada de levá-lo até la e eram cerca de seis quadras.
Ele era super magro, mas muito alto e fora isso estava debilitado, provavelmente bêbado e havia sido surrado - ou seja, estava no fim dos fins. Daí que eu ajudei a se levantar e ele colocou seus braços nos meus ombros e começamos a tentar andar. Vi que não ia conseguir e pedi ajuda para um rapaz que passava lembro que ele estava bem vestido com uma roupa caqui, estilo safári. E ele veio, e nós dois carregamos o rapaz-chamava-se Marcelo, não sei se ainda vive, espero que sim-como se fosse uma cruz. Depois, lógico pensando na coisa toda, me veio esta idéia ele foi a minha cruz naquele momento e eu fiz uma espécie de caminho do calvário e ainda tive um Cirineu para me ajudar. E só para completar era uma quinta feira santa.
Finalmente chegamos ao prédio e ele ficou embaixo. Eu subi para ligar e avisar que já havíamos chegado. E quando voltei para tomar o elevador e descer para esperar com ele, estava tão nervosa, que tive que fazer alguns exercícios respiratórios rezei, pedi que Deus me desse coragem. E então ouvi novamente aquela voz: “Aja, a ação te transformará”. Criei então coragem e desci. O garoto estava igualmente tenso e eu nem imaginava por que-pensei, acho que é a emoção de ver novamente a família, mas estava pensando em termos de uma família normal, sei la, nem imaginaria o que viria na seqüência.
Depois de meia hora chegaram finalmente-de carro, caríssimos, e desceu a mãe, uma negra bonita, arrogante que já chegou arrasando o garoto-sim porque apesar de ele ter seus 17, 18 anos, tinha idade mental de 15, fiquei sabendo depois dada a vida sofrida e sabe-se mais o que. Eu não acreditei e me vi eu, dando uma bronca na mulher-afinal ela sabia que seu filho estava na rua, jogado na sarjeta e não estava tomando providencias. E o menino chorando dizia que com ela ele não ia morar. Eu fiquei tão abalada com a situação que providenciei alguma coisa - argumentei que ele não podia continuar vivendo na rua, sendo que tinha uma família e a prima disse que ele poderia ficar na sua casa. Prometi ir visitá-lo e ele foi. Parecia que agora era eu quem tinha levado a surra - estava quebrada, porque sem saber, na verdade tinha lutado com forças negativas, só para usar um eufemismo leve.
Fui visitá-lo como prometera e aí sim, foi a subida do calvário porque fui la no morro não sei das quantas e era um dia de calor carioca e finalmente eu cheguei e vi para minha surpresa que a família era bem sucedida: tinha uma fabrica de objetos de prata.O fato é que eles tinham uma boa casa, e a oficina ao lado.E soube então a causa do garoto estar na sarjeta-a mãe o rejeitava e o pai se drogava.E também que ele havia sido uma pessoa bem sucedida, se vestia super bem, tinha um bom emprego e de repente, tudo foi por água abaixo.Entendi então a classe do menino na sarjeta.

O encontro marcado pela
Virgem no Shopping
Três meses depois, voltei para São Paulo e não me encontrava mais lá. Resolvi passar uns dias em Campinas, na casa de um dos meus irmãos para pensar na vida, ver o que faria. Mas isso não foi de uma hora para outra: fiquei semanas com Campinas na cabeça e isso é bem natural já que meus filhos moravam aqui e eu estava sendo morrendo de saudades deles. Mas não era só isso como vou explicar na seqüência. Na verdade era um encontro (marcado pela Virgem) com o compositor de musica erudita contemporânea José Antonio de Almeida Prado (na época professor de composição na Unicamp, atualmente aposentado, morando em São Paulo) no Shopping Iguatemi de Campinas, em 1989.
Só para esclarecer, eu conhecia o Almeida Prado há muito tempo, mas me encontrava pouco com ele, em algum concerto ou vernissage, já que eu morava em São Paulo e ele em Campinas e também ele viajava muito para o exterior. Quando fui editora do Jornal de Hoje (atualmente extinto) eu o entrevistei, e fora isso tínhamos uma amiga comum: a Hilda Hilst (poeta, ficcionista e dramaturga) sua prima, falecida recentemente, e sobre quem estou escrevendo um livro. Assim, quando nos encontrávamos trocávamos três ou quatro frases e um perguntava para o outro: tem visto a Hilda?
Pois então eis que chego em Campinas numa noite e no dia seguinte me vem uma frase na cabeça que hoje eu sei que se chama “moção” do Espírito Santo: “vá ao Shopping”.Como o Iguatemi de São Paulo era um dos meus points prediletos para espairecer da selva de pedra, pensei vou ao Shopping e aproveito ver uma amiga, dona de um restaurante árabe. Só que quando vou visitar alguém eu aviso antes, mas naquele dia não combinei nada, não liguei avisando que ia, apenas segui instruções de uma voz que me dizia para ir ao Shopping. Eu fui em plena manhã (em geral ia à tarde ou à noite). Subi ao terceiro piso para tomar um café e eis que encontro o diretor do jornal O Correio Popular (da época, não me lembro seu nome) e na seqüência o Almeida Prado. Não sabia que ele morava ali perto e que o Shopping era também um dos seus pontos prediletos. Ali, de pé no saguão ele me disse à queima roupa: “Fui a Medjugorje e tive uma experiência maravilhosa de conversão”.
Sinceramente eu sabia de Medjugorje o que qualquer pessoa que lê jornais sabia: que a Virgem estava aparecendo lá. Mas a coisa foi tão chocante porque ele estava eufórico, já vivendo uma experiência de mergulho em Deus e eu, estava passando por uma crise, mas tudo calmo, sem drama. Fiquei paralisada e disse: quero te entrevistar, o que, aliás, é uma reação normal de um jornalista frente a uma matéria interessante. Na época eu fazia free lances para vários jornais e revistas de São Paulo. Trocamos telefones como se faz normalmente e antes de nos despedirmos ele me disse: “Jesus está me dizendo que você vai ser apóstola d’ Ele”.
Achei tudo estranho, chocante. Nem preciso dizer que a essa altura não sabia nada sobre moções, locuções interiores, e muito menos que o Almeida Prado tinha locuções. E muito menos sabia que aquele encontro tinha sido decisivo na minha vida e ali para frente nada seria como antes Um mês depois consegui entrevistá-lo. A matéria foi publicada na revista Artes de São Paulo, bem depois disso. Mas na seqüência comecei a ir à missa com ele e freqüentar grupos de oração, enfim comecei a conviver com pessoas espiritualizadas e Medjugorje era um dos assuntos preferidos do grupo com quem convivia, sendo que muitos tinham ido para lá.
Foi quando o Almeida Prado me emprestou o livro Je Vois La Vierge, que trouxera da Europa. Quando comecei a ler fui inspirada (na verdade tive uma moção, que é um forte impulso interior para fazer determinada coisa) e simplesmente sentei e comecei a trabalhar. E aí começou a minha experiência com a Virgem: eu sentia a sua presença, a ponto de muitas vezes escrever sorrindo. Sentia o perfume de rosas (e não havia rosas por perto) e ainda uma leve brisa que surgia não sei de onde.
Como rezar o rosário
Alguns meses depois, o Almeida Prado foi para Nova York, e pediu para eu ficar no seu apartamento até sua volta. Fiquei porque alguma coisa me compelia a isso: hoje eu vejo que não estava mais no tempo normal, mas, como dizem os filósofos, ou seriam os teólogos, em Kairós-o tempo de Deus e foi lá (tinha que ser lá) no apartamento do Almeida Prado que me aconteceram alguns fatos que narro na seqüência.
Logo que cheguei dei uma olhada nos livros (lógico, eu leio o dia inteiro e ele tinha livros maravilhosos) e quando sentei para escrever era meia noite. Acontece que minha mão foi conduzida para a ultima prateleira da estante que ficava ao lado da mesa, de forma que eu não via os títulos dos livros e ela pegou um livrinho intitulado: Como rezar o rosário.
Simplesmente peguei o terço que estava em cima da mesa e comecei a rezar. Ainda a esta altura, estava preocupada com as aparências e as repercussões de atitudes a ponto de ter pensado: o que meus amigos jornalistas vão pensar se me virem rezando o terço. Hoje eu digo: rezem o terço, aliás, não um, mas quatro que é o atual rosário.
Enfim prossegui na tradução do livro, mas sem hábitos de oração como os que têm hoje (fui adquirindo ao longo desses doze anos) daí ter sido tentada literalmente tentada pelo inimigo de Deus a parar várias vezes. Havia momentos em que ficava irritadíssima e não conseguia continuar. Quando o Almeida Prado voltou, a tradução do livro já era a coisa mais importante da minha vida, e como não ia voltar para São Paulo fui para Mogi Mirim onde minha mãe estava morando na época: lá terminei a tradução e articulei a publicação.
Mas não pensem que tudo isso, este período foi um mar de rosas. Não mesmo, afinal eu estava parando uma carreira de sucesso no jornalismo. Na verdade eram espinhos com perfume de rosas-(que, aliás, é o normal quando se trata de trabalhar para a Virgem, como depois fiquei sabendo) principalmente porque minha família não entendia nada do que se passava e eu também, diga-se. Achava tudo absurdo, pensava que logo as coisas voltariam ao normal, eu voltaria a trabalhar em algum jornal ou revista e tudo terminaria bem.
Eu ia ver a Virgem
E assim eu ia aos trancos e barrancos. Quando cheguei em Mogi Mirim parei de ir à missa e também não rezava. Mas a Virgem continuava vigiando e quando eu estava no capitulo intitulado Santa Cruz fui compelida (outra moção do Espírito Santo) a sair de casa e procurar uma igreja. Eu morava num bairro chamado Santa Cruz, mas dada a conjuntura toda e meu estado de perturbação, não conseguia acreditar no que me estava acontecendo, como eu tinha ido parar em Mogi Mirim, esqueci completamente este fato.
E quando saí para a rua perguntei a um garoto onde havia uma igreja (eu sabia, lógico onde ficava a matriz), mas eu queria uma perto dali, e ele me indicou a mais próxima: a Igreja de Santa Cruz. Quando entrei na igreja, perto das 18 h, havia um grupo de pessoas rezando o terço. Rezei junto, em seguida assisti a missa e daí para frente continuei a ir a missa todos os dias.
Quando terminei a tradução do livro tive uma intuição (moção) que iria a Medjugorje e veria a Virgem. Realmente tive um sonho confirmando isso, dias depois: eu estava em Medjugorje e via a silhueta da Virgem no céu e mais duas visões: o Sagrado Coração de Jesus e um círculo luminoso com uma criança linda dando um passo para dentro dele. E houve uma mensagem explícita (chamada locução interior, que é uma voz que vem de dentro da gente): “Vai ao grupo de oração da Igreja São José”. Vejam que estranho, apesar de eu ter ido várias vezes, rezar no Santíssimo da Matriz de São José, não me ocorrera perguntar se havia grupos de oração na cidade.
E foi assim que finalmente cheguei ao Grupo de Oração Sagrada Família, onde encontrei pessoas maravilhosas que me ajudaram muito neste processo de conversão. Foi lá que na seqüência comecei a trabalhar como intercessora, que é um dos meus dons, ou carismas. Intercessor é quem reza pelos outros. Maria Santíssima é a grande intercessora da humanidade, é chamada mesmo a Onipotência Suplicante.
O livro sai
milagrosamente
Terminada a tradução, restava agora articular a publicação, coisa, aliás, dificílima. Para agravar a situação estávamos em plena era Collor com tudo parado depois da tal investida dele nas nossas contas particulares. Ou seja, a época não podia ser pior. Acostumada a articular minhas matérias, fui bem objetiva: liguei para duas editoras católicas: a Ave Maria em São Paulo, e a Louva Deus, no Rio de Janeiro e finalmente seguindo instruções do Monsenhor Nardim que era pároco da Matriz São José na época, para a Loyola, que segundo ele, era a editora que mais publicava sobre Medjugorje.
As duas primeiras não se interessaram, mas o editor da Loyola, Roberto Girola pediu para ver os originais. Levei o material para São Paulo e cerca de um mês depois recebia uma carta onde eles me comunicavam que o livro havia sido escolhido para ser publicado. Foi assim que ele saiu milagrosamente em 1990. Digo isso porque para quem não sabe conseguir publicar um livro no Brasil, sem bancar a edição é bem difícil.
Fiz um lançamento em Campinas (era preciso divulgar o livro) com um concerto do Almeida Prado onde ele tocou músicas compostas depois da sua experiência com a Virgem: O Rosário de Medjugorje e Flashes de Jerusalém, com ajuda de vários amigos inclusive de pessoas do Grupo de Oração da Igreja Santa Rita de Cássia.
Eu Vejo a Virgem é um dos mais importantes documentos de Medjugorje justamente por tratar das trinta primeiras aparições-aliás, é o primeiro livro sobre aquelas aparições. Depois de anos, falando no telefone com o Reinaldo, um dos criadores da Instituição chamada Servos da Rainha que se dedica a divulgar Medjugorje, baseada em Brasília me disse: “Eu adoro este livro. Ele é minha referencia para tudo que escrevo sobre Medjugorje”.
E recentemente relendo O Encontro Marcado em Medjugorje, vejo o seguinte de depoimento na página 83: Lise Leclerc juntamente com um grupo de italianos conversa com o padre Tomislau Vlasic, O.F.M. franciscano e pergunta sobre os livros mais importantes, enfim o que deve ler sobre as aparições de Medjugorje. Ele diz: “Vão ficar três livros: Laurentin para as informações (só para esclarecer, o padre René Laurentin escreveu vários livros sobre as aparições de Medjugorje e é um dos mais famosos mariólogos do mundo), Vicka/ Bubalo (Eu Vejo a Virgem), Loyola, 1990, (São Paulo) para os pormenores das primeiras aparições e Bonifácio/ Brughera para a espiritualidade (eles são os editores de Aprite I Vostri Cuori a Maria Regina Della Pacce. Entretenimentos Espirituais, de Tomislau Vlasic, O.F.M. e de Slavko Barbaric, O.F.M., Milão, 1985)”.
Então é isso: Eu Vejo a Virgem, é um dos mais importantes livros sobre as aparições de Medjugorje: é uma entrevista do frei croata franciscano Yanko Bubalo, já falecida e àquela altura com 60 anos, com a Vicka Ivankovic, àquela altura com 24 anos, e um dos cinco videntes que vêm a Virgem há vinte e um anos naquele vilarejo da ex-Iugoslávia, e que narra as trinta primeiras aparições de Nossa Senhora naquele local, considerado pelos especialistas um dos três mais importantes livros sobre aquele evento, e todas as implicações que este fato teve na minha vida. Está esgotado e eu pretendo fazer uma segunda edição.
Começo ou continuação
do sofrimento
Na seqüência da publicação fiz uma assessoria de imprensa, divulguei o livro, então saíram várias matérias sobre, mas a duras penas porque os jornalistas, alguns meus amigos, de certa forma debochavam do tema, riam e eu me sentia muito desamparada. Comecei a sentir muita rejeição, já era o mundo se revelando, as trevas, digamos contra a luz. Ao longo dos anos continuei como intercessora de vários grupos e oração em Mogi Mirim, fiz mestrado na Unicamp em Campinas, e comecei a sofrer com a doença do meu filho mais velho, inteligentíssimo, maravilhoso, mas que estava esquizofrênico. Isso lógico foi se revelando ao longo de vários anos e como ele não morava comigo, eu não sabia o que acontecia Mas como a intuição de mãe é mais forte e o poder da oração maior ainda, ele foi morar comigo em Mogi Mirim em 1991. Demorei para captar, mas como tinha muita afinidade com ele e o compreendia melhor que ninguém na família, sentia que uma sensação muito ruim de que alguma coisa ia acontecer.
Como a doença é cíclica e progressiva eu peregrinei com ele por dezenas de médicos e a partir de um momento ele começou a ser internado em clínicas psiquiátricas, com muito sofrimento da minha parte porque além dessa dor eu tinha que suportar a falta de entendimento das pessoas que me rodeavam. Em 1996 meu filho cometeu suicídio e eu graças a Deus sobrevivi do golpe por que tinha o respaldo de uma comunidade que rezava e jejuava por mim, e por toda a minha família. Mas graças a este golpe mortal eu tive uma experiência de Deus maravilhosa: tive a percepção da eternidade. Até então eu achava que a vida era eterna, depois da morte do Max eu senti que a vida é eterna. Assim, ao longo deste texto, vou contar histórias de conversões surpreendentes, milagres e prodígios e como o Brasil está envolvido nessas aparições, porque são cada vez mais numerosas entre nós nos últimos anos, enfim seu significado mais profundo para a humanidade.

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