sexta-feira, 2 de março de 2012

A BENDITA DEVOÇÃO DA VIA SACRA



Durante os quarenta dias que antecedem a Páscoa do Senhor, os cristãos são chamados a aprofundarem com maior empenho a sua comunicação insigne com Deus que se dá pela oração. Muitas são as manifestações de piedade, dentre elas temos a sua expressão mais conhecida, a Via Crucis também chamada de Via Sacra.
Percorrendo quatorze estações, o cristão, pela Via Sacra, relembra o caminhar de Jesus desde o seu julgamento no Pavimento do Palácio de Pilatos até o Calvário, inclusive sua morte e sepultura. Para este ato, ajudam-nos a Palavra de Deus e tantos textos de espiritualidade acerca dos sofrimentos e morte do Senhor que nasceram dos místicos da Igreja no decorrer dos séculos, frutos de uma sensibilidade imbuída do Espírito Santo. São verdadeiros tesouros que nos levam a um senso de fé através da Paixão e Morte de Jesus Cristo.
Para Santo Agostinho, a recordação dos sofrimentos de Cristo que tudo suportou por amor à humanidade auxilia-nos eficazmente para a aquisição da perfeição. Diz-nos o Santo Bispo de Hipona: “Uma única lágrima que se derrame por causa da paixão de Cristo vale mais do que uma peregrinação a Jerusalém e um ano de jejum a pão e água”. Mais recentemente, Santo Afonso Maria de Ligório, em seus escritos acerca da Paixão do Senhor, refere-se afirmando que a meditação da Paixão de Cristo esclarece nosso entendimento, nos enche de consolação e nos leva à perfeição (cf. “ESCOLA DA PERFEIÇÃO CRISTÔ – compilação dos escritos de Santo Afonso Maria de Ligório, pelo Padre Saint-Omer, CSSR, tradução do Padre Paulo Leick, Editora Vozes, Petrópolis: 1955, 4ª edição).


Quantas vidas e corações este simples exercício de piedade já converteu. Não podemos ficar imunes aos efeitos da meditação dos sofrimentos do Salvador do gênero humano. A meditação da Via Crucis mortifica o nosso interior, conforma-nos ao Cristo. Tornamo-nos como quem aquelas mulheres que, ao verem Jesus passar com a Cruz às costas, choravam e lamentavam-se; tornamo-nos João, o Discípulo Amado, que não abandonou seu Deus e Mestre nem na hora da agonia na Cruz; tornamo-nos Maria que, vendo o seu Adorado Jesus desfalecer na Árvore da Redenção, confiou porque sabia que daquele lenho surgiria a vida; por fim, identificamo-nos com Jesus que, mesmo inocente e revestido da nossa paupérrima condição, sem deixar de ser Deus, soube sofrer com amor e resignação perfeita. 

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